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sábado, 19 de dezembro de 2020

10, 20, 30... Especial 1.990: O último em evidência do hard rock



Ipa Maracujá

Nem sempre consigo atingir o objetivo pleno deste quadro no blog em que apresentamos uma mesma banda com seus lançamentos em exatos 10 anos de diferença comemorando aniversários cheios. E quando for o caso, uma pincelada sobre o novo disco. Nesse caso teríamos álbuns editados em 2.010, 2.000, enfim, daí por diante. Em 2.020 já tivemos, seguindo essa risca, Ozzy Osbourne, AC/DC - uma pena eu não esperar um pouco mais para comentar sobre o belo Power up -, Judas Priest e Iron Maiden. 

Assim, como alguns nomes importantes dentro do hard/heavy se enquadram na explicação acima, mas possuem trabalhos altamente relevantes, resolvi escolher alguns títulos aleatórios. Percebi na pesquisa inicial que já havia duas publicações na coluna Classics, da Valhalla, assinadas por mim, de bolachas datadas de 1.990. Daí só escolhi um novo, que não deu tempo de fazer anteriormente, para completar, e estava feita a escolha.

Essa pesquisa aconteceu enquanto saboreava uma Ipa Maracujá, que não é exatamente uma Fruit Beer, mas sim uma breja que ganha características frutadas no aroma e sabor por conta dos tipos de insumos usados em sua fabricação. E encontramos várias Ipas com essa adição de frutas no mercado bem interessantes. Uma, inclusive, que até leva o nome de uma das bandas mais queridas do metal.

Vamos ao que interessa. A seguir confira os textos sobre Heartbreak station, do Cinderella, Tattoed millionaire, do Bruce Dickinson, ambos originalmente publicados na Rock Hard/Valhalla #28 e #44, respectivamente, e Flesh & blood, do Poison, este exclusivo do SP&BC. Curiosidade é que este foi o último ano de alta do hard rock, estilo que viveu seu auge nos anos 1.980 e que sofreu com o surgimento da onda grunge. "Ah, mas o Bruce..." Tattoed... é hard, embora não glam, mas é hard, não heavy.



CINDERELLA - Heartbreak Station

Chegou a hora de prestar homenagem a uma das melhores bandas da era hard/galm dos anos 1.980. O conto de fadas do rock deve muito a Jon Bon Jovi, que os viu em um clube na Filadélfia em meados daquela década. Mas obviamente que se o quarteto não fosse realmente bom o suficiente nada teria dado certo. Depois de Night songs (1.986), e Long cold winter (1.988), agora é a vez do country Heartbreak station. Assim como os outros anteriores possuíam uma, digamos, base distinta entre si, este é inspiradíssimo no country, o que fica claro em One for rock and roll. Quando o LP saiu, o primeiro single foi a faixa-título, uma linda balada, porém que denunciava tal inclinação. Até eu levei um – bom – tempo para aceitá-lo, entretanto, não se pode negar a veia rock em The more things change, Love’s got me doin’ time e Love gone bad, por exemplo, sem falar na viagem de Dead man’s road (não deixe de conhecer esta), a divertida Shelter Me. Enfim, vale o álbum todo!  Infelizmente, comercialmente falando, não foi um grande sucesso, talvez por ser diferente, mas turnês gigantescas não faltaram e o nome do grupo se manteve no auge ainda por um período razoável. Atualmente, o conjunto norte-americano está parado, sendo que o guitarrista Jeff LaBar e o baixista Eric Brittingham passaram pelo Naked Beggars enquanto que o líder, guitarrista e vocalista Tom Keifer está em carreira solo com dois ótimos discos lançados [N. do R.: Dados atualizados]. No Brasil, Heartbreak Station não foi lançado em CD, o que dificulta sua aquisição devido ao – salgado – preço do dólar, mas vale cada centavo. (VA)


BRUCE DICKINSON - Tattoed Millionaire

A carreira solo do vocalista do Iron Maiden começou quase que por acidente. A princípio, 1989 seria um ano de férias para os ingleses, porém perguntaram a Bruce Dickinson se ele teria alguma composição para a trilha do filme A Hora do Pesadelo V. Sem pensar muito ele respondeu afirmativamente. Como isso não condizia com a verdade, ele convidou seu antigo amigo guitarrista, Janick Gers (ex-Ian Gillan Band), para a empreitada. Não demorou muito e surgiu Bring your daughter... To the Slaughter. Com o tempo foram nascendo outras até que a dupla se deu conta que já tinha um álbum pronto nas mãos. Ironicamente, a faixa citada acabou entrando em No Prayer For The Dying, aquele que seria o então próximo disco da Donzela. Os dez temas de Tattoed millionaire não se parecem em nada com o Maiden, tendo uma linha mais hard rock e igualmente diferente do que Dickinson faria no restante de seus trabalhos solos. A "sonzeira" já começa logo na abertura com a enérgica Son Of A Gun. A segunda é a faixa-título, um dos hits do LP e a única que ainda é executada até hoje nos shows; foi uma pena ela não ter entrado no ao vivo Scream for me Brazil. Born in ‘58 foi outro hit. Gypsy road possui uma levada mais, digamos, calma e precede outro petardo, Dive! Dive! Dive! Um dos grandes momentos do disco acaba sendo o cover de All the young dudes, de David Bowie. Na seqüência, o encerramento com as interessantes Licking’ the gun, Zulu Lulu e No lies. Em 2.005, este álbum foi relançado em CD duplo, sendo que no segundo constam várias faixas raras, ao vivo, lados B de singles e a versão original de Bring Your Daughter..., que Steve Harris, o chefão do Iron Maiden, na época, proibiu que saísse nesta bolacha porque era uma música excelente para o grupo principal. (VA)




POISON - Flesh & blood

Poderíamos dizer que este é o disco que contém Something to believe in, um enorme hit aqui no Brasil, principalmente. Contudo seria pouco e injusto com uma das grandes obras do hard/glam. Primeiro que o Poison é uma das maiores referências do estilo. Depois que um play que em seu track list exibe Unskinny bop, Life goes on, Ride the wind e a faixa-título, só para escolher algumas, além da citada, já não pode ser tratado com indiferença.

O terceiro álbum do quarteto, lançado em 21 de junho de 1.990, ainda contava com a formação clássica: Bret Michaels, vocal, Bobby Dall, baixo, Riki Rocket, bateria, e C.C. Deville, guitarra. Alcançou o segundo lugar nas paradas e vendeu oito milhões de cópias ao redor do mundo. Um verdadeiro multiplatinado. Rendeu várias turnês com a participação em grandes festivais, como o Monsters of Rock daquele ano. Esse giro de dois anos serviu de base para o primeiro ao vivo dos caras, Swallow this live (1.991).

Após esse auge, um entra e sai e volta de guitarristas aconteceu, inclusive com a passagem de Richie Kotzen, que gravou Native Tongue (1.993). Mas quem comandou as seis cordas no Brasil, no saudoso Hollywood Rock, em 1.995, foi Blues Saracero. Um gigante um pouco adormecido, mas que vale a pena ser redescoberto. Fica a dica!

domingo, 25 de outubro de 2020

ARTIGO: Adeus a um dos gênios da guitarra

FOTO: Perfil oficial no Facebook Van Halen

Dark Strong Ale

Neste artigo vamos fazer uma breve homenagem a um dos maiores guitarristas que este mundo já viu. Então, nada mais justo do que uma breja de gala, uma Dark Strong Ale com seu teor alcoólico na casa dos 10%, para ouvir, aprender, reverenciar, enfim, captar tudo, ou quase, pelo menos o que se conseguir, de que Edward Lodewijk van Halen, que nos deixou no último dia 6 de outubro, produziu ao longo dos seus 65 anos.

O Van Halen foi formado... Ah, isso encontramos em qualquer endereço digno de confiança pela Internet. O que pretendo aqui é tão somente contar o estrago que a banda fez nesse então jovem aspirante a jornalista, ainda nos anos 1.980. A minha maneira de homenagear esse estupendo músico. Depois de Jimi Hendrix, possivelmente, o que mais influenciou nas seis cordas.

Meu irmão, que nem é roqueiro, até meio sem querer, foi me dando pistas ao longo do meu crescimento. Primeiro quando conheci Michael Jackson. Thriller saiu em 1.982 e não me lembro ao certo, claro, quando ouvi pela primeira vez, contudo não me esqueço de como virou febre no Brasil e, claro, a criançada delirava cantando e dançando as músicas do rei do pop.

Não tenho certeza de qual foi a primeira que ouvi - só lembrando de que eu nem sabia o que era rock na época - mas certamente me apaixonei por Beat it. Ali, talvez, o gosto pelo rock and roll já se tornava exposto, afinal o solo de Eddie deixava a música singular. Foi uma das primeiras melodias que gravei na memória.

Seguindo a vida, foi meu irmão que me alertou, assim como no caso anterior, de que aquela música que Marty McFly colocara no walkman para seu pai ouvir naquela cena em que você sabe qual é do filme De volta para o futuro, se tratava de Van Halen. E eu só perguntando: mas quem diabos é Van Halen? Pobre criança...

O tempo passou, descobri o ritmo que nortearia a minha vida na segunda metade daquela década, mas foi somente quando peguei o Van Halen I na mão, emprestado por um amigo, que eu descobri, realmente, o que todas essas referências, entre outras, significavam. Aquele disco editado em 1.978 com apoio de Gene Simmons (Kiss) explicou tudo!

A abertura com Runnin' with the devil foi até que normal, mas quando Eruption ecoou nos alto-falantes, pronto. A partir daquele momento entendi toda a idolatria em torno do guitarrista. Falar que ele revolucionou seu instrumento é chover no molhado. Todo mundo sabe disso, inclusive que ele popularizou a técnica do tapping, criada por Paganini, em que arpejos rápidos são tocados com ambas as mãos no braço da guitarra, que Ace Frehley já fazia, aliás, mas não daquela forma.

E os modelos de guitarra Frankstein, então? Virou marca registrada do quarteto. Tanto que um desenho daquele já te remete instantaneamente ao criador. Um verdadeiro influenciador de música.

Para finalizar, lembro de que ele não precisou seguir carreira solo e nem transformar sua banda, que por sinal liderava ao lado do irmão Alex (bateria), em meros coadjuvantes para que seu talento sobressaísse. A qualidade era notada igualmente com a construção das músicas.

O mundo ficou mais sem graça. R.I.P Eddie van Halen!

sábado, 26 de setembro de 2020

10, 20, 30... Judas Priest: Só 'crássicos'!



Belgian Golden Ale


Este mês de setembro, mais precisamente o dia 3, marcou a comemoração dos 30 anos do mais do que clássico Painkiller, do Judas Priest. Nada mais justo que revisemos a carreira do quinteto inglês para a entrada em nossa coluna 10, 20, 30... e, veja só, encontramos outro classicasso lançado em 1.980: British Steel.

Assim, verificando nos arquivos da saudosa Valhalla, conforme combinado, aqui vou trazer os textos sobre determinada obra como foi publicado à época (por isso, também a diagramação diferente), e encontrei a resenha do Painkiller que não deu tempo ser publicada, antes da revista encerrar as atividades. Ou seja, uma verdadeira relíquia.

Para acompanhar, uma Belgian Golden Ale com dois tipos de maltes, frutas amarelas e bem encorpada para aquele refresco enquanto destruo meu pescoço com o som no talo para poder escrever. Confira!

British Steel (1.980)

Quem teve a oportunidade de se fazer presente no Rock In Rio'01 jamais vai esquecer a multidão cantando em uníssono Breaking the law, faixa que abre o vinil lançado 21 anos antes, quando executada pela banda Halford, em carreira solo naquela noite. O vocalista não cantou uma nota sequer. Digo isso porque eu jamais esquecerei, pois  me arrepia até hoje. Acredito ser o melhor exemplo do que pode se chamar de teste do tempo no que se refere ao ramo das artes.

A banda estava afiadíssima, com sua formação clássica contando com o já citado Rob, Ian Hill, baixo, K.K Downing e Glen Tipton, nas guitarras, e Dave Holland, bateria. São desse álbum,  que alcançou o quarto lugar nas paradas britânicas, igualmente, os não menos hits Metal gods, que dispensa comentários, Living after midnight e United. Mas pode escolher qualquer uma das novo e colocar para rodar sem medo.

Sobre o sucesso da bolacha, além do citado quarto lugar no Reino Unido, abocanharam um disco de ouro nos Estados Unidos, chegando a platina em 1.989, só para ficar nesses mercados. Em 2.017, a revista Rolling Stone o elegeu como o terceiro melhor álbum de metal de todos os tempos.

Ao longo da extensa discografia do quinteto encontramos várias pisadas na bola, sobretudo durante meados os anos 1.980, contudo quando o caras acertam a mão, não tem para ninguém. Por isso continuam por aí, fazendo boa música, haja visto o mais recente, Firepower (2.018).



JUDAS PRIEST
Painkiller
(1990)
É impressionante como certos trabalhos acabam marcando uma geração. Ainda mais quando esta geração é a sua! Se eu fosse jornalista na época e tivesse a tarefa de resenhar Painkiller, lançado em setembro de 1.990, a faria da seguinte forma: “Irretocável, nota 10!” E foi justamente a turnê dessa preciosidade que trouxe esses ingleses pela primeira vez ao Brasil, no Rock In Rio II, em janeiro de 1.991. Como pouco antes de se iniciar as gravações do, então novo álbum, registrado em estúdios na França, Holanda e Inglaterra, o baterista Dave Holland deixou o Judas Priest, Scott Travis (ex-Racer X) assumiu o seu lugar. A produção é assinada por Chris Tsangarides [N. do R.: falecido em 07/01/2.018], só para situar, produtor do Fireworks, do Angra). Logo de cara a faixa-título nasceu como clássica, afinal com a introdução de Travis detonando seu instrumento em uma espécie de “apresentação” aos fãs, mostrou que ninguém iria sentir a falta do antigo membro. E Painkiller mostra um conjunto ligado na modernidade, flertando com o thrash, que dominava a cabeça da rapaziada na época, como o próprio Rob Halford (v) declarou em entrevistas daquele período. A ótima Hell patrol vem na seqüência e a pegada continua a mesma. Sem deixar a peteca cair All guns blazing e a rápida Leather rebel. Bom, na verdade, o que não falta neste LP – sim, ainda era tempo do bom e velho vinil – são temas velozes, bateria com dois bumbos e Halford se esgoelando ao microfone, como em Metal meltdown. Night crawler soa meio estranha a princípio, o que não significa um ponto negativo. Sobre a fantástica Touch of evil, lembro-me até hoje de como essa música tocou em uma rádio rock que existia na região em que moro e que hoje está a serviço dos “putz, putz” da vida. Para fechar, One shot at glory, com refrão-chiclete deixando vontade de voltar a agulha para o começo novamente – ou acionar o play, caso prefira a tecnologia. Depois da turnê, Halford pediu o boné, passou mais de uma década longe da banda e o resto da história todos nós conhecemos. O que importa é que agora o Metal God voltou de onde nunca deveria ter saído. Que o metal esteja conosco! (VA)

domingo, 30 de agosto de 2020

GERAL: Os singles de Velhas Virgens, Metalmad DC, Fenrir's Scars e Casa das Máquinas




Weissbier

Acompanhando as novas tendências do mercado fonográfico, ditado, não de agora, mas principalmente pela baixa venda de discos físicos, as bandas tem apostado suas fichas lançando singles na internet. 

Mesmo não sendo novidade, singles nunca fizeram muito sucesso no Brasil. Contudo, ultimamente, é uma das maneiras mais práticas a disponibilização de uma música nas plataformas digitais, de áudio ou de vídeo. A chance de atingir o público é bem mais fácil que no rádio.

Dessa forma, SP&BC vai dar aquela força e mandar algumas linhas de algumas coisas lançadas nesse formato ultimamente. Abri uma Weiss porque não está mais frio e assim consigo me refrescar enquanto escrevo.


Velhas Virgens - Leprechaun / Vícios e pecados

A banda das Velhas Virgens já planejava o lançamento do novo trabalho, O bar me chama, quando a pandemia chegou e atrapalhou os planos de 100% da população. Mesmo assim alguns singles chegaram para saciar a curiosidade dos fãs. 

Vícios e pecados foi a segunda escolhida, a primeira foi Fake news no longínquo janeiro e traz aquele meio blusão com teor lírico já explícito no título. Leprechaun, lançado em meados de agosto, é o costumeiro jeito de tocar de Paulão, Cavalo e Cia. A letra junta o Leprachaun, uma figura mitológica da Irlanda com personagens do nosso folclore, como saci, mula sem cabeça e outros, além da adição de instrumentos característico do folclore britânico.


Casa das Máquinas - Tão down / Brilho nos olhos / A rua

Apesar de algumas mudanças na formação significativas, ao que tudo indica, a Casa das Máquinas vai vir com um bom álbum. Dos três singles lançados, justamente o último, Tão down, é o melhor, pois tem mais a cara da banda, apesar do acento pop.

Claro que Brilho nos olhos e A rua possuem aquele teclado característico dos anos 1.970, mas são ainda mais pop. Não há problema nisso, claro, caso contrário nem seria citado no blog, mas que faltou uma pegada na guitarra, ah isso faltou.



Metalmad DC - Olhos de Medusa

O release já informa tudo: "desistir não é uma opção". Assim, Olhos de Medusa já é o segundo single do que se promete ser um EP, apesar de que eles mesmo já andam pensando em soltar um full length, o que seria algo sensacional.

Assim como o anterior, Colheita maldita (leia mais aqui), Olhos... também traz um algo a mais no quesito letras, já que aqui falam sobre a famosa da mitologia grega Medusa. A música foi escrita pela formação anterior e ganhou um maior peso agora.


Fenrir's Scar - Curse of mankind

Continuando na onda do metal, o duo campineiro (leia mais aqui) já havia soltado a excelente Heal you no ano passado e agora está de volta com Curse of mankind, editada em julho. Uma música do mesmo nível do álbum de 2.017 e que não deve nada a qualquer grande banda que lhe venha a cabeça.

A música segue aquela linha gothic metal com vocais nos contrapontos masculino e feminino. Segundo os músicos André Baida (vocal, teclado, baixo e teclados) e Desireé Rezendo (vocal), seu som segue uma linha mais alternativa, mas rótulos estão em baixa, então, o negócio é saber se é bom ou não e, para nossa sorte, é bom!

É uma pena que no underground tudo é mais difícil e mediante tantos problemas muitos nomes acabam sucumbindo. Cabe aos chamados apreciadores da boa música fazerem seu papel e colaborando para que nossa cena, que é excelente, nunca padeça.

sábado, 25 de julho de 2020

10, 20, 30... Há 4 décadas o AC/DC lançava o LP de rock mais vendido de todos os tempos


Session Ale

Uma mistura de estilos/categorias como british golden ale e juicy beers estadunidense deu origem a uma Session Ale que abri para saborear enquanto escrevia essas linhas em comemoração aos 40 anos de Back in black, da banda preferida dos catarinenses do Vale do Itajaí (Blumenau, principalmente), o AC/DC. 

De quebra ainda conseguimos revistar The razor's edge (1.990) e Stiff upper lip (2.000) para o nosso tão gostoso de fazer 10, 20, 30... Petardos assim só com um cerveja refrescante como a escolhida. Dessa forma, cumpro a promessa feita na segunda live do Coda On Line. Caso tenha perdido, clique aqui e confira, inclusive, uma participação mais do que especial de Rolando Castelo Jr., da Patrulha do Espaço.

A resenha do prato principal saiu na revista Valhalla #20, portanto, mais um dos meus textos que recupero e trago para o SP&BC. Divirta-se e não se esqueça de se cuidar sempre, não só pela pandemia. Cuidando de você, automaticamente você está cuidando de quem você ama!




AC/DC
Back In Black
(1980)
Troca de qualquer membro de uma banda sempre é algo que mexe com todo mundo, fãs e grupo, mas quando o assunto é o vocalista... Aí o negócio duplica, sendo uma situação muito delicada. Como se já não bastasse o problema de substituir o cantor, o motivo não era dos melhores, afinal Bon Scott havia partido dessa para uma melhor. O AC/DC já se encontrava em uma posição de destaque, o que aumentaria ainda mais a responsabilidade do “escolhido”. Brian Johnson ficou com a bomba na mão, se é que o caro leitor me entende. Idéias de Scott foram abandonadas por se imaginar que não seria legal usá-las naquele momento. Tanto a capa quanto o título foram em homenagem ao saudoso amigo. Porém, quando em 25 de julho de 1980, Back In Black chegou nas prateleiras o resultado foi imediato mostrando que o grupo não poderia ter feito melhor escolha. Aliando ótimas composições, muita energia e um vocal, que apesar de parecer o Pato Donald, caiu como uma luva para o mercado ianque. São deste trabalho as pedradas Hells Bells, Shoot To Thrill, a faixa-título e You Shook Me All Night Long – o maior sucesso comercial do quinteto –, todas executadas obrigatoriamente nos shows até hoje, além de Rock And Roll Ain’t Noise Pollution, que foi muito bem nas paradas de singles. É um dos mais vendidos da história da música. Obrigatório! (VA)


The razor's edge

Quando se tem a oportunidade de assistir ao DVD Live, editado em 1.992, conseguimos entender um pouco o tamanho do AC/DC para o rock. Aquela apresentação no saudoso Monsters of Rock, atual Download Festival, em 1.991, marcou uma época que não volta mais. Para nenhuma outra banda, aliás. A data fazia parte da turnê de The razor's edge, álbum que recolocou os australianos/britânicos no topo das paradas, depois de uma leve decaída na segunda metade da década anterior.

E os números do play, lançado em 24/09/1.990, foram realmente impressionantes: 2º na Billboard 200, dos Estados Unidos, 4º nos charts britânicos e 3º lugar na Austrália. Nada mal. Mas também contando com faixas como Moneytalks, Tunderstruck e Are you ready não teria como ser diferente. A formação contava, além de  Johnson e dos irmãos Young, Malcom e Angus nas guitarras, com o fiel escudeiro Cliff Williams, no baixo, e Chris Slade, na bateria. Vale lembrar que apesar de ser um excelente batera, Slade gravou apenas este trabalho de estúdio.

O quinteto estava, assim, pronto para a próxima década. Em 1.996, os caras lotaram o estádio do Pacaembu, em São Paulo, sozinhos. Eu estava lá! Porém isso é história para um outra oportunidade.


Stiff upper lip

A formação clássica, com Phil Rudd na bateria, estava de volta desde Ballbreaker (1.995) e em Stiff upper lip, editado em 25 de fevereiro de 2.000, o desfile de riffs marcantes, músicas boas e hard rock que agrada multidões continuou. Apesar de não ser nenhuma obra-prima, Stiff... alcançou disco de platina, pela venda de um milhão de cópias, nos Estados Unidos.

Também não podemos dizer que se trata de um trabalho ruim, longe disso. Contudo, é a mesma fórmula de sempre, às vezes funciona melhor que outras. E para este o resultado ficou um pouco aquém do esperado. Ainda assim, logo de cara ao apertar o play do CD a faixa-título surge nos auto falantes e é o melhor cartão de visitas que o álbum poderia proporcionar.

Depois ainda viriam mais dois discos, mudanças na formação, a morte de um dos fundadores, Malcom Young, em 2.017, problemas e mais problemas que não vamos ficar lembrando aqui. O que vale é deixar a agulha fazer o serviço dela perante nossas bolachas e o rock seguir em frente.

domingo, 21 de junho de 2020

GERAL: Metalmad DC e Voodoo Shyne lançam singles com gosto de quero mais

FOTOS: Divulgação (Metalmad DC)/Facebook (Voodoo Shyne)

Hora de falar um pouco do lançamento de singles. Duas bandas originárias da região de Campinas, no interior paulista, soltaram recententemente uma música cada que que precedem seus respectivos novos trabalhos. 

Dessa vez não escolhi uma mesma cerveja para cada faixa porque um dos integrantes da Metalmad DC (primeira foto), não bebe. Então em respeito a ele deixo para cada um fazer sua escolha. Já para o Voodoo Shyne (segunda) segue a resenha.

Metalmad DC - Colheita Maldita

Na estrada desde 2.012 e com um EP homônimo, a Metalmad DC teve um hiato em suas atividades entre 2.015 e 2.018. Mesmo com o vocalista Alexandre Quadros (ex-Wild Shark) se mudando para o Paraná, resolveram retomar as atividades no ano passado; prometem um novo EP para breve.

Só que entre idas e vindas, ocorreram as tais mudanças na formação. Atualmente, o quarteto de Mogi Guaçu conta, além de Quadros com Sandro Piccolo (baixo, ex-Strauss Noise), Cristiano "Cachorrão" (bateria, Diatribe) e Alex Roque (guitarra, Disorder of Rage).

Colheita Maldita foi composta pela formação anterior, antes da parada, e, segundo o release, "ficou mais agressiva" agora. Como pode-se suspeitar, se trata de "uma homenagem ao conto de mesmo nome do mestre Stephen King", ainda de acordo com o material enviado à imprensa. 

Falando nisso, além da música ser uma verdadeira porrada, daquelas que ao se dar conta você já está bangueando a mil, com uma produção que não deve nada a nenhuma grande banda, o cuidado na divulgação é de fazer inveja a muita gente que também pede passagem em um mercado tão concorrido.

Segue os contatos e como ouvir o petardo, basta clicar na plataforma desejada:



Voodoo Shyne - Unique (Double Ipa)

Voodoo Shyne, de Jaguariúna, já esteve em SP&BC por conta de seu, então, novo álbum, Dispassion (leia resenha aqui) e ao ouvir esse novo som facilmente constatamos algo que é de fundamental importância para qualquer trabalho artístico: ao soar a primeira nota já sacamos de quem se trata.

E não é que Unique é igual ao que foi feito no disco citado, ou nos três anteriores, mas sim de identidade mesmo. Aquele hard com influência de Alice Cooper e Kiss nos anos 1.970 continuam ali e já demonstra que o quinto trabalho do músico será, ao que se indica, a continuação natural de seu antecessor.

A Double Ipa foi a escolhida porque nesse tempo de quarentena, em que na verdade não parei de trabalhar um segundo sequer - graças a Deus -, o que mais figurou em casa foram Ipas e, para escrever, abri uma que ficou com uma harmonização perfeita. 

Então, amigo, vai continuar com a mesma playlist de sempre ou vai dar chance para o underground? Lembre-se que todos começaram um dia. Ouça o artista independente! Para conhecer Unique clique nas opções abaixo:

domingo, 31 de maio de 2020

10, 20, 30.. Iron Maiden: Décadas de relevância

Foto caseira da minha discoteca


Strong Ale


O que é mais legal de se fazer nesse quado em SP&BC é verificar a evolução das bandas durante os anos e em um intervalo de tempo específico, no caso a cada 10 anos. Alguns nomes possuem um ou outro álbum em suas discografias nessas condições - não precisa ser um clássico, apenas ser lançado conforme a regra - enquanto que outras editaram um número, digamos, legal para tanto.

Difícil mesmo é como conseguiu o Iron Maiden nos anos cheios, terminados em zero. Afinal, temos trabalhos que datam em 1.980 (homônimo), 1.990 (No prayer for the dying), 2.000 (Brave new world), 2.010 (The final frontier) e só não temos neste 2.020, possivelmente, por conta da pandemia do novo corona vírus.

De qualquer modo, conseguimos com esse retrato passar por praticamente todas as fases dos ingleses e ainda constatar que músicas mesmo com 40 anos de idade não soam datadas. Para escrever essas linhas resolvi abrir uma Strong Ale, cerveja com um amargor equilibrado e um teor alcoólico de 8%. Para o debut não encaixou muito bem, mas para o restante foi a cereja do bolo. Venceu a maioria.

Falando na estreia, resgatei um texto que assinei para a "Classics", #28, nos idos de 2.005, da revista Valhalla, quando era colaborador. Por isso, também, a paginação diferente, como nas outras vezes em que isso aconteceu. Oportunamente é bom salientar que esse praticamente um mês de falta de um texto novo no blog se deve aquela tradicional correria dos afazeres de contador. Posto isso, enfim, vamos voltar um pouco no tempo. Cheers!



IRON MAIDEN
IRON MAIDEN
(1980)
Como pode uma banda conseguir emplacar tanto sucesso como a Donzela de Ferro consegue? E por tanto tempo? E mesmo com os últimos lançamentos não estando no mesmo nível de qualidade de sua chamada “época clássica”? Isso é tema de Conclusão de Curso de nível universitário! Afinal, antes até de terem gravado um mísero LP já recheavam seus shows com várias faixas assinadas pela própria banda. E estamos falando do longínquo ano de 1980. A fraca produção explica a qualidade de som do registro, entretanto em termos de criatividade este marco zero de uma nova fase para o heavy metal em geral é 10. Ou vai dizer que você não se arrepiou com Iron Maiden naquela noite de janeiro de 2.004 no Pacaembu, caso tenha ido ao show, claro, 24 anos após o disco ser editado? Que o single Running Free os levou a participar do programa britânico da BBC Top Of The Pops, que Derek Riggs, autor deste desenho que já existia em seu portfólio (pasta com trabalhos que servem para apresentar desenhistas, artistas, publicitários etc.) mesmo antes de virar a capa do play, assinou todas as capas até o fim da década e outras “curiosidades” todos estão carecas de saber. Que na época do CD, Iron Maiden foi relançado com alguns bônus, sendo que na bolacha extra havia Sanctuary e Burning Ambition, que não entraram no track list do álbum, e depois ganhou um novo relançamento com faixa multimídia também não é novidade, pois já foi comentado na #22. Ah, sim, esta ilustração possui uma cor diferente da versão em vinil. Enfim, fazer “Classics” do Maiden é tarefa complicada, porém não deixa de ser prazeroso e estimulante no sentido de tentar descobrir qual a chave do sucesso. (VA)






No prayer for the dying


Praticamente todas as bandas tem aquele chamado disco de transição. Pois bem, estamos diante de um caso desses. Aqui marca mais uma mudança na formação: Adrian Smith (guitarra) por estar descontente dos rumos musicais de volta as raízes de que a Donzela estava tomando - talvez por isso a "transição" -, cedeu seu lugar a Janick Gers (ex-Ian Gillan Band), que acabara de fazer o álbum solo de Bruce Dickinson.

Fato é que o quinteto desde o começo sempre flertou com prog metal, haja vista Strange world, da estreia, e com uma ou outra música longa, mas talvez os fãs não estivessem preparados para isso ainda. e este trabalho tem de tudo, menos heavy metal. É bem rock and roll com aquelas passagens progressivas bem características das composições do chefão Steve Harris (baixo).

No prayer... começa em alto astral com a dupla Tailgunner e Holy smoke. Apesar de ser o LP com os temas mais curtos de seus registros, inicia-se na faixa título e segue até o final  essa mistura de guitarras com sintetizadores, não tão usados aqui, é verdade, heavy e prog. Uma banda que parecia sem um rumo definido após dois petardos, Somewhere in time (1.986) e Seventh son of a seventh son (1.988), bem sucedidos com os mesmos sintetizadores.

De qualquer forma, o grande sucesso deste lançamento, que comemora 30 anos, é a assinada por Dickinson Bring your daughter... To the slaughter. Ironicamente, a melhor do álbum a princípio sairia no citado trabalho solo do vocalista, Tatooed Millionaire (1.989). Porém quando o autor a mostrou a Harris, este fez questão de que ela fosse regravada para o Maiden porque ela era a cara do grupo. O single foi primeiro lugar nas paradas britânicas, coisa rara para a banda, e causou treta com grupos religiosos.

Em resumo é um play regular com bons momentos, como toda transição. A partir dele cada vez mais a Donzela de Ferro trilhou os caminhos do prog metal, e as músicas ficaram cada vez mais maiores. Além disso, foi a última bolacha produzida por Martin Birch (Black Sabbath, AC/DC e outros pesos pesados), com eles desde Killers (1.981). Completam a formação nesta gravação Dave Murray, guitarrista presente em todas as formações, e Nicko McBrain, baterista dos caras desde 1.983.


Brave new world

O contexto histórico todos conhecem, então não vamos perder tempo com ele. Contudo, vale dizer, a passagem do cantor Blaze Bayley rendeu um trabalho bom e bem dark, The X factor (1.995), e outro mediano, Virtual XI (1.998) que deixavam clara a proposta do então quinteto. A saída de Bayley e as voltas de Dickinson e Smith, transformaram a banda em um sexteto.

Para a produção de um novo álbum foram aproveitadas três composições dos tempos do antigo vocalista: The nomad, Dream of mirros e The mercenary. As duas primeiras tem bem a levada da formação anterior. Já Blood brtohers começou até ser composta nessa época, sem ser finalizada, pelo menos é o que alega o líder e principal compositor Steve Harris. Procurando no YouTube é possível encontrar um vídeo em que Bayley canta um trechinho dessa.


Carregado pelo hit The wicker man, lembrando o Iron porradão, Brave..., que comemorou 20 anos nessa semana, conseguiu agradar a maior parte da crítica e dos fãs, sendo certificado Disco de Ouro em vários países. É o primeiro a contar com a produção de Kevin Shirley e o último de estúdio a ter a capa desenhada por Derek Riggs. Sinal dos tempos.

A turnê rendeu um ao vivo gravado no Rock in Rio, em 2.001, em um show sensacional! Eu estava lá, conferindo-os in loco pela segunda vez, a primeira com Dickinson nos vocais. Igualmente saiu um DVD da apresentação e a partir deste tornou-se comum a regra de um de estúdio e um blu-ray para atender aos desejos dos fãs.

É um bom CD, com o lado prog ainda mais aflorado, embora eu não tenha dúvidas de que se não ocorresse a mudança na formação ele seria idêntico, salvo as linhas vocais, naturalmente. Concorda? Hora de abrir outra breja para o último trampo.


The final frontier


Que capa é essa? Ou melhor, que disco é esse? Estranho no mínimo. Lá se vão 10 anos desde que The final frontier chegou às prateleiras e, apesar de premiado, não é o mais lembrado, digamos assim. Foi o primeiro que eu não comprei e esta é minha banda de cabeceira.

Sobre os feitos do CD, ele é o quarto álbum a alcançar o #1 nas paradas inglesas, os outros foram The number of the beas (1.982), Seventh... e Fear of the dark (1.992); o single da faixa título, a melhorzinha, diga-se, foi quarto lugar nos Estados Unidos, o que o Maiden conseguiu de maior posição na Billboard 200; por El dorado o grupo levou o Grammy em Melhor Performance de Metal; no Brasil ganhou disco de platina. E daí?

Para mim é um disco preguiçoso, pouco inspirado, com músicas que não terminam e com um trabalho gráfico aquém do produzido outrora. Melvyn Grant assinou a capa. Por sinal, são dele os Eddies mais "diferentes", como em Virtual XI e Fear..., por exemplo.

Enfim, vale conhecer, afinal, sua opinião pode ser outra, mas eu não salvo nenhuma.

domingo, 26 de abril de 2020

Nefasta: da mitologia romana para os copos brasileiros


"Cada rótulo é uma personagem feminina com essa 'coisa' mais rock'n'roll, sanguinolenta"

Empresa familiar une história e rock à cultura cervejeira


Que a cerveja artesanal é um produto diferenciado, todos sabem. A tendência ao rock and roll e um conceito definido, com todas as suas inspirações, são apenas algumas das características que nos fazem, entre amigos, abordar assuntos sobre a cultura cervejeira, por exemplo, entre outros.


E essa história de conceito vem desde a criação do nome para o negócio, importante para qualquer empresa, diga-se, e que, invariavelmente, influencia tanto seus estilos produzidos quanto seus rótulos. Um exemplo de tudo isso é a Nefasta, cervejaria de Florianópolis, que esteve no Festival Brasileiro da Cerveja, em março, em Blumenau.

"Somos de Florianópolis, mas a fábrica fica em São José, cidade vizinha", apresenta a sommerlier Gabriela Drehmer, em uma exclusiva ao blog SB&BC. O grupo conta com a fábrica, bares e uma "loja de insumos para quem faz cerveja em casa. Na região somos os únicos com essa estrutura", completa frisando que se trata de uma empresa familiar no mercado desde 2.016.


"Nefasta é uma deusa da mitologia romana, a deusa da destruição", conta sobre o conceito a profissional. "Ela quem guia todas as outras cervejas que são: Desertora, Condenada, Fugitiva, Foragida. Todos esses adjetivos no feminino que remetem a mulheres contraventoras, rebeldes". Ou seja, mais roqueiro impossível. Para informação, Desertora, a American Ipa, é a mais vendida do portfólio.

Contudo, nada faria sentido se os rótulos, como a capa de um disco, não seguissem essa linha. "Cada um é uma personagem com essa 'coisa' mais rock and roll, sanguinolenta. As pessoas se identificam, gostam da nossa identidade dessa pegada no feminino, ser representada na cerveja de uma maneira diferente do que sempre foi. Um feminino forte, que vai se rebelando", comemora Drehmer.

Observando um dos rótulos, aliás, nos trás uma curiosidade. "Six, Six, Six é uma American Pale Ale com seis tipos de lúpulos diferentes", explica não escondendo que, também há uma certa ligação com uma banda inglesa pouco conhecida. "Sim, não tem como não", responde a pergunta fatal sobre o Iron Maiden e a faixa-título do disco de 1.982, The number of the beast.

"É um dos poucos nomes que não seguem essa linha", conta mais sobre essa breja e inclusive que o batismo foi feito pelo cervejeiro que a criou "como alusão a esses seis lúpulos. Ela conversa com as outras porque é diabólica, é tão ardida, uma mulher com chifres de diabo, sangue escorrendo. É a mais diabólica que temos na nossa carta", finaliza.

Sobre o festival em si, em 2.020 foi a segunda edição da participação com um stand somente da empresa. "A primeira vez foi em 2.018 quando ganhamos a medalha de prata com a Exilada", na categoria Viena. "Estávamos em um stand coletivo junto com mais três cervejarias. No ano passado estávamos com o nosso próprio espaço" lembra.

Carros que já carregam chopeiras são bastante usados pelas empresas do setor. A Nefasta não abre mão do seu. "Participamos de muitos festivais, tanto em Floripa quanto na região e outras cidades do estado. E como participamos de muitos eventos, pensamos em uma maneira prática de carregar toda a parafernália", explica a ideia Drehmer. "O carro é uma solução muito legal, além de muito criativo com a Nefasta toda plotada" gerando curiosidade, o que acaba atraindo o público.

domingo, 12 de abril de 2020

Fabiano Negri: despedida no melhor estilo


Stout



Como escrevi este texto no domingo de Páscoa, depois de comer chocolates acompanhado de uma Stout, resolvi continuar com esse estilo de cerveja para ouvir e, enfim, resenhar The fool’s path, o último trabalho do artista solo campineiro de hard rock Fabiano Negri, lançado recentemente. E uma breja de alta fermentação, malte torrado e na casa do 7,5% de teor alcoólico acabou casando diretamente com a proposta do álbum. Refletir sobre nossa trajetória. Ou no caso, a dele.

O professor, músico, compositor, produtor e multi-instrumentista anunciou em suas redes sociais que este seria seu último disco. Depois de 25 anos de carreira e trinta CDs editados entre carreira solo e as bandas Rei Lagarto, Dusty Old Fingers e Unsuspected Soul Band, The fool’s path se mostra uma reflexão de tudo isso. Um trabalho conceitual que já de cara se mostra um dos melhores, se não o melhor, de sua extensa discografia.

A capa, assinada por Emerson Penerari, mostra uma pessoa, talvez, presa no topo de um penhasco, o que já nos leva a imaginar sobre o conteúdo da obra, o "caminho do tolo", em uma tradução livre. No release, Negri explica esse conceito: "O ‘tolo’ tem dois significados. Fala do tolo que insistiu 25 anos numa missão praticamente impossível e o tolo da carta do tarô, que indica uma guinada na vida, abandonando um caminho para recomeçar de forma diferente, mas sem saber se é certo ou errado”.

Dizer que quem faz arte independente no Brasil não é valorizado é chover no molhado, infelizmente. Assunto abordado diversas vezes no SP&BC, inclusive. Basta procurar pelas inúmeras entrevistas no blog. Fato é que, talvez por tudo isso, Negri achou melhor pendurar o microfone  e se dedicar a outros projetos. Quem perde é somente a cena nacional!

Falando da obra em si, são 10 músicas estupendas! Não, não estou puxando o saco do meu conterrâneo. Quem me conhece sabe que jamais faria isso. De todos os discos que resenhei para a revista Valhalla, por exemplo, concedi apenas um 10. Caso ainda estivesse lá, este seria o segundo da minha carreira.

Não vou destacar faixas, pois cada uma se encaixa perfeitamente dentro da proposta e conta uma parte importante da história. Claro que temos os riffs grudentos, refrãos de fácil assimilação em que basta uma ouvida para sairmos cantando a plenos pulmões, tudo muito bem produzido e gravado, como sempre aliás. Além de em alguns momentos lembrarmos do saudoso Rei Largato.

Uma curiosidade. Outro dia compartilhei em uma rede social uma faixa com a letra traduzida de  um dos singles, a balada Changing times, para anunciar que The fool's... figuraria por aqui. Curiosamente, minha sogra, que não gosta de rock - da minha família só eu mesmo (risos) - comentou que gostou da música e, principalmente, da letra, por ser bem verdadeira.

The crew

The fool's path foi gravado no Estúdio Minster, de propriedade do meu amigo de longa data Ricardo Palma, que tocou baixo, mixou e masterizou, enquanto que Cesar Pinheiro se encarregou da bateria. O que sobrou, que não foi pouco, ficou por conta de Fabiano Negri: composição, produção, guitarra, teclado e voz.

O álbum não estará em nenhuma prateleira de loja, até porque atualmente isso é bem raro, e, infelizmente, apenas alguns temas serão disponibilizados nas plataformas digitais. Portanto, o acesso ao CD será apenas através das redes sociais de Negri. E se apresse, pois o prazo para pedidos estava se esgotando.

Pois é, meu velho, se despedir assim, com um disco tão bom é covardia. Por outro lado, a parada é por cima, da melhor maneira que um artista pode despedir-se de seus fãs.

Serviço

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Além da música: Iron Maiden no mercado cervejeiro do Brasil

(FOTO: Reprodução)


Empresa paranaense produz a Trooper Brasil Ipa, a primeira fora da Inglaterra



Quando se fala em heavy metal no Brasil uma das bandas que quase instantaneamente vem à nossa mente é o Iron Maiden. Claro que outros nomes clássicos disputam esse lugar no Olimpo, mas a Donzela carrega um algo a mais entre os brasileiros. Não à toa, o Brasil é o país que mais ouve a banda do mascote Eddie em todo o planeta.

E, para quem além do som, curte as cervejas que as bandas lançam com seus nomes estampados nos rótulos, as Troopers já são uma realidade. Criada pela cervejaria Robinsons, da Inglaterra, em parceria com os músicos, e usando como marca o título de uma das faixas mais famosas do grupo britânico, além do Eddie, claro, a breja já faz bastante sucesso há anos.

Esse barulho, naturalmente, chegou ao Brasil de uma maneira que pode deixar o fã, tanto de cerveja quanto de rock, como o leitor do SP&BC, orgulhoso. É que em setembro de 2.019 a curitibana Bodebrown lançou a Trooper Brasil Ipa, a primeira bebida em alusão ao sexteto produzida fora do Reino Unido.


Se engana quem pensa que se trata apenas de licenciamento. "É uma parceria, uma amizade com a banda", conta Victor Oliveira, diretor de marketing da empresa paranaense em uma exclusiva ao blog na época do Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (SC), em março.

"Começou na Inglaterra", conta como foi Oliveira, "a Bodebrown participou da produção de uma cerveja" convidada por uma empresa que conta com mais de mil bares naquele país. Essa participação se deu entre Samuel Cavalcanti, o idealizador da cervejaria, e seu irmão, Paulo, que produziram uma English Pale Ale por aqueles lados do oceano.
Essa experiência caiu no gosto dos ingleses chegando até o vocalista Bruce Dickinson. Ele comprou a ideia, já que participa ativamente do processo das Troopers. O primeiro passo estava dado. O músico "pediu para entrarem em contato conosco" explica Oliveira. "Recebemos o convite e depois de alguns meses e encontros com o próprio Bruce acertamos a parceria e a receita da cerveja para a produção aqui no Brasil".

Essas reuniões ocorreram uma vez na França e uma outra na Flórida, esta já em julho do ano passado. Ali foi batido o martelo, após a prova de algumas amostras, chegando a um consenso, ou seja, "uma cerveja com uma pegada brasileira" usando o cacau, "um fruto brasileiro. Surgiu, então a Tooper Brasil Ipa", vibra. Oliveira conta ainda que é "um desejo do próprio Bruce de que cada país tenha uma cerveja do Iron Maiden, da Trooper". 

A escolha da data do lançamento, setembro, casou justamente com as da perna da turnê "Legacy of the beast" do Maiden por estes lados, incluindo o Rock in Rio. Outro evento importante para tanto foi o festival Mondial de La Bière, também no Rio de Janeiro, no mesmo mês.

Para a empresa o mercado reagiu bem ao produto. "Grande parcela de fãs da banda está na América Latina e no Brasil", comemora Oliveira os resultados positivos. "Temos nossos fãs, mas a Trooper abriu um caminho muito maior com os da banda e para quem não conhecia a Bodebrown". 

Não é apenas Trooper

Um dos mais procurados pelo público cervejeiro/roqueiro
A cervejaria foi criada em 2.009 pelo já citado Cavalcanti. Esse tempo todo de estrada ajudou na preferência do Iron Maiden. "Escolheram uma cervejaria que já está há 10 anos no mercado da cervejaria artesanal. Temos muitos prêmios aqui e no exterior" enaltece Oliveira.

E verdade seja dita, um dos stands  mais cheios do Festival Brasileiro da Cerveja, local do bate-papo, foi da empresa. "Participamos praticamente todos os anos e [o stand] sempre foi um dos mais cheios do festival. Percebemos que o público da banda, com camiseta, vem e quer experimentar" aumentando os apreciadores, esclarece. "Claro, a tendência é que o pessoal acesse mais a cervejaria, não só pela Trooper, mas igualmente pelos nossos outros produtos".

A fábrica ganhou quatro medalhas no total no Concurso Brasileiro da Cerveja deste ano realizado na mesma cidade (leia cobertura aqui). Medalha de ouro na categoria Breet Berr e três bonzes sendo duas em categorias belgas e uma sobre Porter.