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domingo, 31 de maio de 2020

10, 20, 30.. Iron Maiden: Décadas de relevância

Foto caseira da minha discoteca


Strong Ale


O que é mais legal de se fazer nesse quado em SP&BC é verificar a evolução das bandas durante os anos e em um intervalo de tempo específico, no caso a cada 10 anos. Alguns nomes possuem um ou outro álbum em suas discografias nessas condições - não precisa ser um clássico, apenas ser lançado conforme a regra - enquanto que outras editaram um número, digamos, legal para tanto.

Difícil mesmo é como conseguiu o Iron Maiden nos anos cheios, terminados em zero. Afinal, temos trabalhos que datam em 1.980 (homônimo), 1.990 (No prayer for the dying), 2.000 (Brave new world), 2.010 (The final frontier) e só não temos neste 2.020, possivelmente, por conta da pandemia do novo corona vírus.

De qualquer modo, conseguimos com esse retrato passar por praticamente todas as fases dos ingleses e ainda constatar que músicas mesmo com 40 anos de idade não soam datadas. Para escrever essas linhas resolvi abrir uma Strong Ale, cerveja com um amargor equilibrado e um teor alcoólico de 8%. Para o debut não encaixou muito bem, mas para o restante foi a cereja do bolo. Venceu a maioria.

Falando na estreia, resgatei um texto que assinei para a "Classics", #28, nos idos de 2.005, da revista Valhalla, quando era colaborador. Por isso, também, a paginação diferente, como nas outras vezes em que isso aconteceu. Oportunamente é bom salientar que esse praticamente um mês de falta de um texto novo no blog se deve aquela tradicional correria dos afazeres de contador. Posto isso, enfim, vamos voltar um pouco no tempo. Cheers!



IRON MAIDEN
IRON MAIDEN
(1980)
Como pode uma banda conseguir emplacar tanto sucesso como a Donzela de Ferro consegue? E por tanto tempo? E mesmo com os últimos lançamentos não estando no mesmo nível de qualidade de sua chamada “época clássica”? Isso é tema de Conclusão de Curso de nível universitário! Afinal, antes até de terem gravado um mísero LP já recheavam seus shows com várias faixas assinadas pela própria banda. E estamos falando do longínquo ano de 1980. A fraca produção explica a qualidade de som do registro, entretanto em termos de criatividade este marco zero de uma nova fase para o heavy metal em geral é 10. Ou vai dizer que você não se arrepiou com Iron Maiden naquela noite de janeiro de 2.004 no Pacaembu, caso tenha ido ao show, claro, 24 anos após o disco ser editado? Que o single Running Free os levou a participar do programa britânico da BBC Top Of The Pops, que Derek Riggs, autor deste desenho que já existia em seu portfólio (pasta com trabalhos que servem para apresentar desenhistas, artistas, publicitários etc.) mesmo antes de virar a capa do play, assinou todas as capas até o fim da década e outras “curiosidades” todos estão carecas de saber. Que na época do CD, Iron Maiden foi relançado com alguns bônus, sendo que na bolacha extra havia Sanctuary e Burning Ambition, que não entraram no track list do álbum, e depois ganhou um novo relançamento com faixa multimídia também não é novidade, pois já foi comentado na #22. Ah, sim, esta ilustração possui uma cor diferente da versão em vinil. Enfim, fazer “Classics” do Maiden é tarefa complicada, porém não deixa de ser prazeroso e estimulante no sentido de tentar descobrir qual a chave do sucesso. (VA)






No prayer for the dying


Praticamente todas as bandas tem aquele chamado disco de transição. Pois bem, estamos diante de um caso desses. Aqui marca mais uma mudança na formação: Adrian Smith (guitarra) por estar descontente dos rumos musicais de volta as raízes de que a Donzela estava tomando - talvez por isso a "transição" -, cedeu seu lugar a Janick Gers (ex-Ian Gillan Band), que acabara de fazer o álbum solo de Bruce Dickinson.

Fato é que o quinteto desde o começo sempre flertou com prog metal, haja vista Strange world, da estreia, e com uma ou outra música longa, mas talvez os fãs não estivessem preparados para isso ainda. e este trabalho tem de tudo, menos heavy metal. É bem rock and roll com aquelas passagens progressivas bem características das composições do chefão Steve Harris (baixo).

No prayer... começa em alto astral com a dupla Tailgunner e Holy smoke. Apesar de ser o LP com os temas mais curtos de seus registros, inicia-se na faixa título e segue até o final  essa mistura de guitarras com sintetizadores, não tão usados aqui, é verdade, heavy e prog. Uma banda que parecia sem um rumo definido após dois petardos, Somewhere in time (1.986) e Seventh son of a seventh son (1.988), bem sucedidos com os mesmos sintetizadores.

De qualquer forma, o grande sucesso deste lançamento, que comemora 30 anos, é a assinada por Dickinson Bring your daughter... To the slaughter. Ironicamente, a melhor do álbum a princípio sairia no citado trabalho solo do vocalista, Tatooed Millionaire (1.989). Porém quando o autor a mostrou a Harris, este fez questão de que ela fosse regravada para o Maiden porque ela era a cara do grupo. O single foi primeiro lugar nas paradas britânicas, coisa rara para a banda, e causou treta com grupos religiosos.

Em resumo é um play regular com bons momentos, como toda transição. A partir dele cada vez mais a Donzela de Ferro trilhou os caminhos do prog metal, e as músicas ficaram cada vez mais maiores. Além disso, foi a última bolacha produzida por Martin Birch (Black Sabbath, AC/DC e outros pesos pesados), com eles desde Killers (1.981). Completam a formação nesta gravação Dave Murray, guitarrista presente em todas as formações, e Nicko McBrain, baterista dos caras desde 1.983.


Brave new world

O contexto histórico todos conhecem, então não vamos perder tempo com ele. Contudo, vale dizer, a passagem do cantor Blaze Bayley rendeu um trabalho bom e bem dark, The X factor (1.995), e outro mediano, Virtual XI (1.998) que deixavam clara a proposta do então quinteto. A saída de Bayley e as voltas de Dickinson e Smith, transformaram a banda em um sexteto.

Para a produção de um novo álbum foram aproveitadas três composições dos tempos do antigo vocalista: The nomad, Dream of mirros e The mercenary. As duas primeiras tem bem a levada da formação anterior. Já Blood brtohers começou até ser composta nessa época, sem ser finalizada, pelo menos é o que alega o líder e principal compositor Steve Harris. Procurando no YouTube é possível encontrar um vídeo em que Bayley canta um trechinho dessa.


Carregado pelo hit The wicker man, lembrando o Iron porradão, Brave..., que comemorou 20 anos nessa semana, conseguiu agradar a maior parte da crítica e dos fãs, sendo certificado Disco de Ouro em vários países. É o primeiro a contar com a produção de Kevin Shirley e o último de estúdio a ter a capa desenhada por Derek Riggs. Sinal dos tempos.

A turnê rendeu um ao vivo gravado no Rock in Rio, em 2.001, em um show sensacional! Eu estava lá, conferindo-os in loco pela segunda vez, a primeira com Dickinson nos vocais. Igualmente saiu um DVD da apresentação e a partir deste tornou-se comum a regra de um de estúdio e um blu-ray para atender aos desejos dos fãs.

É um bom CD, com o lado prog ainda mais aflorado, embora eu não tenha dúvidas de que se não ocorresse a mudança na formação ele seria idêntico, salvo as linhas vocais, naturalmente. Concorda? Hora de abrir outra breja para o último trampo.


The final frontier


Que capa é essa? Ou melhor, que disco é esse? Estranho no mínimo. Lá se vão 10 anos desde que The final frontier chegou às prateleiras e, apesar de premiado, não é o mais lembrado, digamos assim. Foi o primeiro que eu não comprei e esta é minha banda de cabeceira.

Sobre os feitos do CD, ele é o quarto álbum a alcançar o #1 nas paradas inglesas, os outros foram The number of the beas (1.982), Seventh... e Fear of the dark (1.992); o single da faixa título, a melhorzinha, diga-se, foi quarto lugar nos Estados Unidos, o que o Maiden conseguiu de maior posição na Billboard 200; por El dorado o grupo levou o Grammy em Melhor Performance de Metal; no Brasil ganhou disco de platina. E daí?

Para mim é um disco preguiçoso, pouco inspirado, com músicas que não terminam e com um trabalho gráfico aquém do produzido outrora. Melvyn Grant assinou a capa. Por sinal, são dele os Eddies mais "diferentes", como em Virtual XI e Fear..., por exemplo.

Enfim, vale conhecer, afinal, sua opinião pode ser outra, mas eu não salvo nenhuma.