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quarta-feira, 21 de março de 2018

NEWS The Gard: experiência musical entre rock clássico e contemporâneo

Madhouse, estreia do power trio paulista, será lançado em abril com oito faixas


Formada em 2010 por Allan Oliveira (guitarra), Beck Norder (vocal) e Lucas Mandelo (bateria), a The Gard desde o princípio teve como objetivo a música autoral, embora tenham ganhado bastante relevância na região metropolitana de Campinas, de onde é originária, com seu show “Tributo ao Led Zeppelin”. Em meio ao setlist das músicas do Led, a The Gard sempre apresentou suas composições próprias. Com o tempo o interesse do público pelas canções autorais foi crescendo e o espaço para elas, no setlist, aumentando.

Madhouse, disco de estreia da The Gard, foi então uma consequência natural. Em oito faixas, o power trio paulista transcende suas referências musicais ao oferecer ao público uma experiência musical onde o rock clássico e o contemporâneo convergem, como numa coalização sonora que disponibiliza-se para o futuro, para o desconhecido.  

Produzido pelos próprios músicos em parceria com André Diniz do Estúdio 260 de Indaiatuba/SP, “Madhouse” reúne as faixas “Play Of Gods”, “Music Box”, “The Gard Song”, “Back To Rock”, “Kaiser Of The Sea”, “Madhouse” e “Panem at Circenses”. E como não poderia deixar de ser, além das sete composições autorais, “Madhouse” também vai trazer um novo arranjo para “Immigrant Song” do Led Zeppelin, a banda que, para o The Gard, sempre representou a terra de neve e gelo de onde eles vêm com seu barco rumo às novas terras desconhecidas.

"O álbum Madhouse é mais que uma compilação de nossas primeiras composições”, declara o vocalista Beck Norder. “São músicas que começaram a serem compostas em 2006 e gravadas a partir de 2011. Foram anos amadurecendo e trabalhando na produção dessas composições até que atingissem um ponto satisfatório para a banda. Madhouse trata da loucura, da insanidade da nossa sociedade atual, traz também um aspecto de fantasia com lendas e mitos nórdicos. Musicalmente nos deixamos experimentar toda uma versatilidade de vertentes do rock, do hard e blues rock (Play of Gods, Panem et Circenses e Back to rock), flertando com classic e folk metal (Madhouse, Kaiser of the sea e The Gard Song), a um rock mais moderno (Music Box). Exploramos alguns instrumentos pouco usuais no rock, e que enriqueceram os arranjos como o bandolim (The Gard Song) e o glockenspiel (Music Box)."

O disco chegará nas plataformas digitais e também em formato físico em CD no dia 26 de abril. Antes, no dia 12, o The Gard lança o videoclipe do primeiro single do álbum. A música escolhida eles preferem manter em segredo por enquanto.

TEXTO: AI

segunda-feira, 12 de março de 2018

Heavenless: Metal do Rio Grande do Norte pede passagem

(FOTO: Divulgação) Lançar em todos os formatos é importante

Disco novo já tem o título de Cursed



Surpresa geral no SP&BC. Sim, tenho certeza que causou certo espanto no momento em que você leu que a banda de death metal Heavenless, de Mossoró (RN), a 277 quilômetros de Natal, concedeu uma entrevista ao blog. Nada mais natural, afinal, meus estilos preferidos figuram entre o hard e o heavy, com pouca variação.

Porém, para o jornalista, manter a cabeça aberta é fundamental. Então, por que não dar chance a nomes de estilos mais agressivos, desde que façam um bom trabalho? E é justamente isso que encontramos no CD de estreia Whocantbenamed (Rising Rec., Nac.), ou seja, qualidade nas composições, na gravação, enfim, um álbum digno de nota.

Vamos, então, conferir o que o baterista Vicente Andrade tem a nos dizer sobre tudo o que aconteceu com o trio nesses quase três anos e o planejamento para o futuro.

A banda é relativamente nova, formada em 2.015, e já chegou ao debut. Pode nos apresentar o grupo, projetos anteriores e como se formou o Heavenless?
Vicente Andrade - Um grande abraço aos amigos do Som Pesado & Boa Cerveja. A banda Heavenless surgiu em 2.015, mas já estamos nessa estrada musical há muito tempo. Já trabalhamos com produção musical aqui em nossa cidade, já possuímos pubs e estamos envolvidos com a cena há mais de 10 anos. A banda é formada por mim, Kalyl Lamark, voz e baixo, e Vinícius Martins, guitarra. Eu tocava em uma banda chamada Bones in Traction junto com o Vinícius e o Kalyl é ex-frontman do Monster Coyote. A cidade é pequena [N. do R.: cerca de 240 mil habitantes], todos já éramos amigos e sempre rolou um lance de parceria estre as bandas locais. Em 2.015 resolvemos entrar nessa empreitada juntos por realmente termos uma afinidade profissional e de amizade mesmo. De certa forma tínhamos convicção de que essa formação seria muito promissora porque todos estavam muito envolvidos com o projeto. Tivemos "pressa" pra lançar o CD porque acreditamos que o cartão de visita de qualquer banda é uma música bem feita e bem gravada, então antes de shows ou pegar a estrada, nos concentramos em gravar o melhor possível nossas músicas e lançar um CD de qualidade.

Mossoró carrega alguns dados interessantes, como ser a “Terra da Liberdade”, ser marcada pelo Motim das Mulheres, o primeiro voto feminino do Brasil, ter libertado seus escravos cinco anos antes da Lei Áurea, o bando de Lampião. Até que ponto isso tudo influenciou a banda? Alguma outra característica que eu não citei?
Vicente - Pois é, Mossoró é uma cidade pioneira, conhecida como a capital cultural do Estado, a terra do sal, sol e petróleo. O maior produtor de sal do Brasil, maior produção de petróleo em terra firme e sol o ano todo. Geograficamente, Mossoró está no meio do caminho entre a cidade de Natal e Fortaleza (CE), estrategicamente é um ponto de parada para todas as bandas que estão passando por aqui na região, por isso a cidade sempre esteve no mapa de grandes shows. Esse contato com esse circuito autoral de bandas independentes é uma fonte de inspiração.

E em termos musicais, quais são as influências?
Vicente -
Bom, na região o que domina é o forró e agora com a globalização todas essas músicas de moda que se difundem Brasil afora, mas como o sertanejo é muito forte, ainda resistimos e corremos na contramão difundindo nosso som pesado. Existe uma diferença de idade entra os integrantes e isso influencia muito na hora das composições. Eu curti muito metal na década de 1.990 e vi grandes shows e lançamentos de discos daquela época. Então Pantera, Sepultura, Kreator, Machine Head correm em minhas veias. Kalyl Lamarck tem influência de metal mais arrastado, mais doom e sujo como Down, Howl, High on Fire... Já Vinícius Martins é o mais jovem da banda e tem influência do new metal e metal mais moderno como Slipknot, Korn e Mastodon.

Como tem sido a recepção a Whocantbenamed, após quase um ano de lançamento?
Vicente - Recebemos muitas críticas e resenhas, a grande maioria muito favorável. O público também elogiou bastante, fizemos um trabalho bem feito de divulgação do CD físico e colocamos as músicas em todas as plataformas de áudio de acesso grátis no intuito de atingir o máximo de pessoas. O Eliton Tomasi, da Som do Darma, nos ajudou e orientou muito e acreditamos que o 2.017 foi um ano muito proveitoso.
"Somo da época de sentar com o vinil no colo"

O disco, então, foi lançado em formato físico, pela Rising Records e em streaming. Qual deles obteve a melhor resposta?
Vicente - Acreditamos no CD físico ainda, apesar de sair caro para a banda independente. Somos ainda da época de sentar com vinil no colo, ouvir o som e ficar lendo o encarte. O perfil de público que ainda acredita nisso é diferente em geral daquele pessoal mais novo que não compra mais nem o CD, tudo é virtual. Já nasceram nessa época onde tudo é virtual, então acreditamos que temos que alcançar todos. Até o Metallica se rendeu as imposições e divulgam suas músicas nessas plataformas.

Planejam lançar no exterior?
Vicente - Sim, principalmente na Europa. Como em 2.019 pretendemos fazer a primeira tour pela Europa, estamos viabilizando o lançamento lá.

Qual faixa anda fazendo mais sucesso entre o público?
Vicente - É engraçado como escuto opiniões diversas. Talvez isso se deva a mistura de gêneros nas músicas. Tem uma galera que curte a música The Reclain, que tem uma pegada mais doom. Muita gente me fala que Enter Hades é a melhor, essa é um metal mais extremo com blast, uma canseira... Já outros falam em Hopeless, que tem uma pegada mais moderna. Acho isso bom!

Depois de quase um ano de editarem Whocantbenamed, se acontecesse hoje, fariam algo diferente?
Vicente - O álbum cumpriu seu papel com excelência e refletiu bem o momento da banda. Claro que em termos de composição sempre tem alguns pontos que podemos melhorar, mas nada que faria diferença. A formação é muito sólida, somos bons amigos e nos entendemos bem musicalmente, encontramos parceiros fortes como nosso produtor Cássio Zambott, Luciano Elias da Rising Records e o Eliton do Som do Darma.

Ano passado foi muito bom em termos de shows, correto? Quantos fizeram? Como está a agenda para 2.018?
Vicente – O ano 2.017 foi um ano de muita correria, fizemos vários shows pelo Nordeste e duas turnês pelo Sudeste e também participamos de alguns festivais. Ficamos muito satisfeitos. [Para] o ano 2.018 estamos focados em gravar nosso próximo disco chamado Cursed e tocar em festivais e aproveitar a repercussão que o Whocantbenamed causou.

E de um modo geral, como estão os planos atualmente: divulgar ainda mais essa estreia ou já pensam em um trabalho novo?
Vicente - Pretendemos sempre ficar lançando novidades, não podemos parar. Esse primeiro semestre serão lançados três clipes já com músicas novas e no segundo semestre o disco completo.

Como é a cena no Rio Grande do Norte?
Vicente - Mesmo com toda dificuldade de incentivo, o Rio Grande do Norte possui grandes nomes do metal extremo, e a cada dia surgem bandas novas Primordium, Sanctifier, Son of a Witch, Expose your Hate. São bandas solidificadas com material novo e quem não conhece podem escutar. Aqui em Mossoró tem o Black Witch do nosso brother Rafaum, Reveanger e Evil Hazor. Recomendo!

Vocês gostam de cerveja artesanal? Qual o estilo preferido?
Vicente - Alcoólatras são aqueles que bebem todo dia, a gente só bebe a noite então "tá de boas" (risos gerais). IPA e Black IPA são as nossas preferidas: fortes, amargas e alcoólicas como tem que ser! Aqui em Mossoró tem duas cervejarias renomadas: Bacurin e a Malassombro.

Já imaginou um rótulo de cerveja do Heavenless, como há de Sepultura, Matanza, Ratos etc? Qual estilo seria?
Vicente - É uma ótima ideia. Não pensamos ainda a respeito, teria que ser 10% de álcool no mínimo (risos).

Para encerrar, algum recado para os fãs?
Vicente - Compareçam aos shows, comprem material das bandas, entrem na nossa página, sigam e curtam a vontade, basta isso pra fortalecer a cena.  Grande abraço a todos e nos veremos por aí pra tomar umas cervas!

segunda-feira, 5 de março de 2018

Fabiano Negri, o incansável do rock

American Pale Ale



Considero que cervejas a serem apreciadas com calma perfeitas para discos que devem ser ouvidos atentamente. Tirando o lugar comum da frase, é isso que esse novo trabalho do workaholic campineiro Fabiano Negri exige: audição cuidadosa para reflexão.

Dessa forma, a escolha de uma APA para acompanhar as 10 faixas de The Lonely Ones (Independente, Nac.) em aproximadamente 40 minutos de música é a harmonização perfeita. Um pouco mais aromática que sua originária IPA, também encorpada, porém com lúpulos voltados para os gosto estadunidense.

O vigésimo segundo álbum do ex-Rei Lagarto em exatos 22 anos de carreira (!) é um disco conceitual a respeito de uma pessoa depressiva e com dificuldade de socialização e em se desenvolver dentro de uma sociedade ainda mais doente.

Talvez por ser tratar de uma visão pessoal em uma discussão extremamente pesada a inspiração veio de forma acústica, no melhor estilo intimista violão e voz. No trabalho, ele expõe sua "visão do que pude absorver sobre o mundo dessas pessoas solitárias, cujos sérios problemas ainda são vistos como frescura. Esse formato fez com que a música ficasse direta, com atenção especial para melodias e letras" explica Negri no release.

E para escrever esses temas, o trabalho de campo foi fundamental. "Tive contato com esses problemas através de alunos, amigos, família e por experiências pessoais", continua o documento que acompanha o álbum distribuído à imprensa.

O disco, gravado no estúdio Minster, em Campinas (SP), de Ricardo Palma, que também o produziu ao lado do multi-instrumentista e professor de música, será lançado no próximo dia 10, mas nas plataformas digitais já consta o single Last stand, a primeira do track list. Recomendo!