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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Clássicos: Aerosmith dos anos 1970 aos 2000

Comemorando relembrando a discografia

DARK AMERICAN LAGER



No dia 31 de agosto, Permanet Vacation, obra-prima do Aerosmith, completa 30 anos. Como já expliquei ao inaugurar essa linha de homenagens no SP&BC (leia aqui), vamos falar um pouco sobre esse álbum. Porém resolvi mudar algumas regras, afinal, o blog é meu mesmo...

Decidi que, ao comemorar a idade cheia de um disco - 10, 20 ou 30 anos -, vou dar uma vasculhada em sua discografia e comentar outros na mesma situação. Sim, vou começar dando uma olhada no que os estadunidenses editaram não somente em 1.987, mas igualmente em 1.977 e 1.997.

E para harmonizar com tanta música boa, escolhi uma Dark American Lager, devido aos seus maltes escuros com característica aromática, pois acredito que precisamos de refresco para essa maratona e nada melhor do que um estilo vindo do mesmo país do quinteto.

Draw in the line



Um dos melhores trabalhos do Aerosmith, sem dúvida! E começa lá em cima com a faixa-título, sem nenhum dó dos fãs. No bom sentido, claro. Os oito temas da sequência não deixam por menos e mostram que o hard rock apresentado por Tom Hamilton, baixo, Joey Kramer, bateria, Joe Perry, guitarra, Steven Tyler, vocal, e Brad Whitford, guitarra, não estava para brincadeiras.

Lançado em dezembro de 1.977, Draw in the line é quinto álbum de estúdio do grupo e recebeu a certificação de platina dupla pela RIAA (Recording Industry Association of America, uma associação das gravadoras dos EUA). Um verdadeiro clássico!

Permanent Vacation



Este é o motivo da lembrança. Na primeira metade dos anos 1980, o Aerosmith passou por algumas turbulências, como problemas com drogas, que acabaram culminando na saída dos guitarristas originais e no LP Rock in a hard place (um disco com bons momentos), em 1.982.

A formação clássica voltou e soltou o pouco inspirado Done with mirros (1.985). Foi o suficiente para se ajustarem e lançarem Permanet... em agosto de 1.987. O que se pode dizer de um álbum com músicas como Rag doll, Dude (Looks like a lady) e a balada Angel, que foi traduzida pelo Yahoo e virou, inclusive, tema de novela?

Somente no país natal, o trabalho vendeu mais de cinco milhões de cópias, chegando à platina quíntupla. Apesar do sucesso do início de carreira, essa fase pode ser considerada a melhor musicalmente falando.

Nine Lives


Esse tocou muito. Ou você não conhece Falling in love (Is hard on the knees), Hole in my soul ou Pink, verdadeiros hits radiofônicos? Embora não tenha a mesma qualidade musical dos aqui citados, não se pode dizer que o décimo segundo álbum do Aerosmith é ruim, muito longe disso.

O disco é bom, no entanto já não tem aquele hard rock potente de outrora. Se bem que o que veio depois é ainda mais ligth, digamos assim. Com seus mais de três milhões de cópias vendidas ao redor do mundo, chegou ao topo da parada Billboard em 1.997.

A faixa Taste of India é bem parecida com Majesty, do Gamma Ray, editada no mesmo ano. Não sei se um plagiou o outro, se rendeu algo, mas o fato é se parecem bastante. O que não tira o brilho dos serviços prestados ao rock pelo Aerosmith, que se apresenta no Rock in Rio, em setembro.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Velhas Virgens, uma trintona ainda contando

(DIVULGAÇÃO) Casa fazia parte da rotina de baladas dos líderes

Banda paulistana conta com seis cervejas no mercado



Paulo de Carvalho (Paulão), voz e gaita, Juliana Kosso, voz, Alexandre "Cavalo" Dias, guitarra, Filipe Cirilo dos Santos, guitarra, Tuca Paiva, baixo, e Simon Brow, bateria. Essa é a atual formação das Velhas Virgens que acabou de lançar o pacote CD e DVD 30 Anos ao vivo no Love Story (Gabaju Rec., Nac.) para, evidentemente, comemorar as três décadas na estrada.

Falar em atual formação, apesar de tantas mudanças no line up, é até injusto com os músicos, pois, exceto o "novo guitarrista Filipe 'Fil' Cirilo, o restante já está junto há mais de 10 anos", explica Alexandre "Cavalo" em entrevista exclusiva ao SP&BC.

"Desde o começo a ideia era gravar no Love Story", conta Cavalo a respeito do local do show. "A gente queria um lugar que remetesse à noite paulistana e o Love fez parte da minha vida e da do Paulão por muitos anos", continua ele dizendo que, naquela época, entravam na casa depois das baladas, saindo somente com o nascer do sol. "Eram tempos boêmios em que o fígado permitia".

Assim, até virar sugestão para os empresários do sexteto não demorou muito. "Quando contamos para os nossos parceiros, Júlio e Carol, da 74 Entretenimentos, eles adoraram a ideia. Entraram em contato com o Love Story, que cedeu a casa gentilmente. Foi um trabalho longo, mas o produto final ficou ótimo! Sem dúvida é o nosso DVD de melhor qualidade técnica", conclui o músico empolgado.

Qualidade que pode ser conferida em streaming, a plataforma usada por 10 entre 10 grupos independentes para a divulgação de seus trabalhos. Cavalo justifica a distribuição "para todos os tipos de streamings, inclusive os gratuitos" porque "funciona muito bem. O alcance das músicas aumenta e eles pagam de acordo com as ouvidas".

"Hoje tudo está na nuvem", disserta o músico sobre esse novo formato. "Você nem precisa armazenar nada para ter acesso a milhões de músicas. Acho isso genial e, ao mesmo, tempo perigoso. Genial porque fica tudo ao alcance e perigoso, pois torna o conhecimento raso, rápido e volátil".

E qual o papel, então, do selo das Velhas, a Gabaju Records? Segundo Cavalo, ele segue com outros produtos. "Fazemos desde camisetas, chinelos e até livros e HQs. E vendemos algumas coisas ainda no físico. Acredito que nosso próximo disco de estúdio saia na forma de singles e depois em vinil e fita cassete. Vamos ter todas as músicas em todas as mídias". 
"Queremos voltar em breve a Pomerode"

Esse próximo álbum é prometido para breve, com a gravação de "novidades ainda este ano. Um música para o novo show e pelo menos uma para o Carnavelhas", projeto de Carnaval das VV.

Abrindo um parênteses, fita cassete, para quem é mais novo e não conhece, é uma pequena caixa com uma fita magnética usada para gravação e reprodução de áudio, bastante popular até início desse século.

E fazendo turnês desde 1.994, qual o balanço desse longo tempo de estrada? "São mais de 20 anos saindo pelo país e tocando em todos os cantos possíveis e, muitas vezes, impossíveis. Foi isso que nos fez ter público em qualquer lugar do país", responde. Ele conclui salientando que o "modo como se consome música está diferente. Tem gente que está se aproveitando disso e outros estão ficando para trás", fazendo o alerta da necessidade de adaptação à nova realidade do mercado.

"O show ao vivo é de onde vem o maior rendimento dos artistas e também está passando por reformulação", cita o guitarrista outra mudança. "Há um novo público com novas exigências", sendo que existe uma grande quantidade de artistas "e um público ávido por novidades. Tem música para todos os gostos só procurar". 

Mas os fãs não estão mais preocupados com os clássicos? "Claro que depois de 30 anos quem vai ao show tem suas preferência" responde em relação as VV. "É obrigação do arista se renovar e se reinventar. Vamos fazer músicas novas e elas entrarão no show novo. E, com o tempo, vemos quais permanecem".

E para sobreviver no meio disso tudo, afinal, as contas vencem todos os meses, os integrantes possuem outros trabalhos, musicais ou não. Por exemplo, Cavalo administra a Gabaju, é roteirista de quadrinhos, escreve livros e faz projetos culturais, além de produzir a banda e outras de que participa; Paulão é redator do SBT; Tuca tem uma cervejaria, a Rusticana e administra o bar; Juliana é professora de canto; Cavalo, Paulão e Tuca promovem o Workchopp, "uma palestra cantante" em que os músicos falam "sobre carreira, cerveja e outros assuntos picantes", além, é claro, de fazerem um som acústico".

O bar se chama  Rockin' Beer e fica em "uma garagem nos confins da Zona Norte de São Paulo". Segundo o guitarrista, "era para ser só o estoque quando a gente também distribuía. Virou um bar logo depois. Vendemos cervejas artesanais brasileiras e promovemos eventos. Raramente tocamos lá. Muito pequeno. Mas reunimos o bloco de Carnaval das Velhas e outras coisas legais. Estamos de mudança para outro endereço no Centro de São Paulo".

Já dentro do quesito - inúmeros - outros projetos musicais, Juliana Kosso canta em uma banda que faz clássicos do rock e leva seu nome; Paulão mantém o Cuelho de Alice hibernando; o Estranhos no Paraíso, de Cavalo, Juliana e o produtor Paulo Anhaia (Paul X, ex-Monster) está na "berlinda", de acordo com o guitarrista, que "ainda toca no Roberto Embriagado com o Mario Bortolotto, onde fazemos covers do Roberto Carlos".
"Há um novo público ávido por novidades"

As Velhas Virgens tocaram perto de Timbó (SC), sede do blog, mais precisamente em Pomerode, em 2.016. "Tocar no sul é muito bom porque você encontra um público que entende de rock e reconhece a linguagem", se recorda o músico. "O show em Pomerode não foi diferente. Gente interessante e interessada! Queremos voltar em breve para lançamento do novo DVD. Aliás, pode nos chamar!". Recado dado, promotores.

Então vamos falar da nova tour. "É um set com as músicas escolhidas pelo público e mais algumas homenagens que estamos fazendo para gente que participou dos nossos discos. Tocamos Marcelo Nova e Camisa de Vênus, Roger e Ultraje, Rita Lee, Titãs, Raimundos, Made in Brazil e uma versão especial de Retalhos de Cetim, do Benito di Paula, com arranjo para blues que está um espetáculo! Vocês precisam conferir esse show novo".

Vale ressaltar que Digão, vocalista e guitarrista dos Raimundos, participa no DVD em Toda puta mora longe e a faixa com Benito di Paula, A última partida de bilhar, é bônus no track list.

Alguém falou de cerveja?


O bate-papo está bom até aqui, no entanto precisamos matar a sede. Sendo assim, a pauta agora é a relação das Velhas Virgens com a bebida mais amada do mundo. "Nosso primeiro rótulo saiu há seis anos e já é 'disco de ouro', com mais de 100 mil garrafas vendidas", disseca o assunto Cavalo comparando ambos os mercados. Na época em que ainda se vendia muitos discos, pré-dowloads, o artista alcançava tal prêmio ao atingir aquela marca.

A primeira breja produzida "foi uma IPA, a chamamos de Indie Man". Por sinal, esta continua como a campeã de vendas. Ele continua dizendo que se tratava de "um sonho antigo ter nossa linha de cervejas". Como dentro da banda havia o responsável pelas receitas, no caso, Tuca, o passo seguinte foi encontrar "o parceiro certo" para produzir. Coube então ao Rodrigo Silveira, da Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto (SP), a função de lançá-las.

"Temos seis rótulos hoje", enumera o portfólio detalhando-o: "uma em homenagem ao Charlie Brown Jr, feita em parceria com o Xande (filho do Chorão), uma American Ale sensacional"; a anteriormente citada "Indie Man; Whitie Dog, Witbier com sabor de limão rosa e semente de coentro; Mr. Brownie, uma Brown Ale com fava de baunilha e aveia; Beijos de Corpo, uma Fruit Beer com amoras pretas; e o lançamento Greenie, uma cerveja de trigo bem lupulada".

Essa mistura de música e cerveja ainda rendeu outros frutos. O projeto Todo dia a cerveja salva a minha vida (2.014) é um álbum e um rótulo feitos na base do crowdfunding, o financiamento coletivo. "Foi o nosso segundo de muito sucesso" conta Cavalo sobre o processo de ajuda dos fãs para editar discos. O primeiro foi o igualmente comemorativo CD/DVD Rockin Beer Tour 25 anos

Para os fãs contribuintes havia alguns prêmios que "as pessoas adoravam como vir e cantar Abre essas pernas com a gente em estúdio e ganhar a versão pessoal da música em CD e vídeo, entre outros". Apesar de "legal", o músico afirma que "esse tipo de projeto dá um trabalho monstruoso. Não pretendemos fazer outro tão cedo".

No caso da cerveja, a banda alterou o rótulo da Whitie Dog para o mesmo da capa do álbum. A breja saiu com uma tiragem de 4 mil garrafas. "Nossos novos rótulos tem um QR code", se empolga ao comentar sobre a modernidade. Com esse código, é possível "ouvir um 'CD' falando de cerveja com músicas escolhidas pela banda inteiramente grátis. O projeto se chama Liberte o Rock da Garrafa".

Sobre preferência, Cavalo diz que a que mais gosta é a "Witbeer, uma cerveja um pouco mais leve e cítrica. E também das escuras e amargas. Das Velhas eu bebo todas com gosto. As receitas do Tuca são muito boas", completa fazendo o merchandising.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ataques paranormais de Alice Cooper

(Reprodução)

AMERICAN PALE ALE


O som do estadunidense Alice Cooper harmoniza melhor com uma cerveja do estilo criado nas terras do Tio Sam. Não que ele produza canções estereotipadas ou coisas do tipo, nada disso. Estamos falando de um artista já com quase 70 anos de idade e com uma discografia de aproximadamente 30 títulos - 27, mais precisamente - e que, tirando algumas escorregadas nos anos 1980, sempre primou pela qualidade.

E uma APA faz todo o sentido, afinal por ser mais amarga e alcoólica nos deixa ainda mais atentos a perceber todas as variáveis de Paranormal (Shinigami Rec./Ear MusicNac.), novo álbum da Tia Alice - como carinhosamente é chamado pelos fãs - lançado no final de julho. É o primeiro desde 2.011 quando lançou Welcome 2 my nightmare.

O hard rock pesado que dominou suas composições entre o fim da década de 1980 e começo da de 2000 é coisa do passado. Este está mais para The eyes of Alice Cooper (2.003) com algumas influências do rock feito nos seus discos do anos 1970. As dramáticas letras são sobre diversos níveis de desencontros da mente humana.

Segundo o portal Info Escola.com, paranoias "consiste em uma psicose caracterizada pelo desenvolvimento de um pensamento delirante crônico, lúcido e sistemático, provido de uma lógica interna própria, sem apresentar alucinações".

No disco são 12 músicas de rock'n'roll.  Simples, assim. E não precisa mais que isso para atingir resultados ótimos como o do primeiro single Paranoiac Personality, a única daqui executada no festival Wacken, na Alemanha, transmitido para o mundo todo pela Internet. O que não quer dizer que essa seja a melhor, pois todas carregam o padrão AC de qualidade.

Outra característica mantida neste trabalho são as participações de outros nomes da música. Na faixa-título, por exemplo, quem dá as caras é Roger Glover, baixista do Deep Purple. Em Fallen in love, o guitarrista do ZZ Top, Billy Gibbons, comanda as seis cordas. Larry Mullen, do U2, gravou a maior parte das baterias do CD. Além, claro, da banda que o acompanha ao vivo, como o trio de guitarras Ryan Roxie, Nita Strauss e Tommy Henriksen, o baterista Glen Sobel e o baixista Chuck Garric.

Fechando o assunto convidados, o melhor ficou para as duas últimas do track list, Genuine american girlYou and all of your friends, registradas pelo Alice Cooper Group: Michael Bruce (guitarra), Denis Danaway (baixo) e Neal Smith (bateria) - Glen Buxton faleceu em 1997.

Como bônus, seis clássicos registrados em Columbus, Ohio, Estados Unidos, em 2.016. No singles, há o registro de I'm Eighteen, gravada em Dallas. Se vai se tornar um clássico o tempo dirá. No entanto, aposto que Paranormal figurará entre os principais epítetos da extensa discografia de Alice Cooper. Que continue assim!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Accept em Florianópolis

(Reprodução)

WEISSBIER

Estado não tem muita tradição em shows internacionais



A banda alemã de heavy metal Accept se apresenta em Florianópolis no feriado de 15 de novembro no Teatro Ademir Rosa, CIC. O show faz parte da turnê mundial que divulga o novo álbum The Rise Of Chaos, lançado no início de agosto.


Outras seis capitais brasileiras, no entanto, verão o espetáculo antes dos catarinenses. Pela ordem, entre 9 e e 12 de novembro São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e dia 14 em Curitiba. No site oficial, entretanto, por enquanto, consta apenas a data de Floripa.

Considerando que Santa Catarina não é um estado que sedia muitos shows internacionais, ainda mais de bandas de tal importância, vamos, dessa forma, abrir uma breja tipicamente alemã, uma Weiss, para comemorar. Cheers!!

Até pouco tempo, o quinteto nunca havia pisado em solo brasileiro. Bastou o ex-vocalista Udo Dirkschneider, e um dos fundadores, aparecer por esses lados do Hemisfério em meados dos anos 200 para despertar o interesse do Accept, cuja última passagem por aqui foi no ano passado.

O grupo foi formado em 1.976 no norte de Alemanha e ao longo dos anos lançou álbuns clássicos da música pesada como Restless and wild (1.982), Balls to the wall (1.983) e Metal heart (1.985). Encerraram das atividades em 1.996, após algumas trocas de integrantes.

A volta ocorreu em 2009 e desde então já editaram Blood of the Nations (2.010), Stalingrad (2.012) e Blind Rage (2.014), além do mais recente The Rise Of Chaos, o décimo quinto de estúdio. A formação atual conta com Mark Tornillo, vocal, Wolf Hoffmann, guitarra, Peter Baltes, baixo, Uwe Lulis, guitarra, e Christopher Williams.

No último dia 5 de agosto, os alemães tocaram no primeiro dia do festival germânico Wacken ao lado da Orquestra Sinfônica de Stalingrad. O evento foi transmito para o mundo através da Internet.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Mesmo quando não está como desejamos, qualquer situação é possível

FN: "Viver de música no Brasil é um tremendo desafio" (Divulgação)

Fabiano Negri segue na contramão do que é fácil ao apostar no novo



Responda rapidamente: Quantos nomes da música underground conseguem ficar na ativa por mais de 20 anos produzindo temas autorais? Difícil, correto? Pois aqui vamos conhecer um que não se intimida com nossos os trágicos momentos atuais, o workaholic FabianoNegri.

When nothing is rigth, anything is possible é o 21º trabalho do artista de Campinas (SP), impondo a impressionante marca de um título, em média, por ano. Esta é a primeira parte do trabalho e pode ser ouvida em streaming nas plataformas Spotify, Deezer e Youtube. A segunda sai em 2.018.

Eu gosto de me manter trabalhando com composição”, explica Negri no início do nosso bate-papo sobre o número de discos editados durante toda a carreira. “Faço porque realmente amo”, continua. Ele afirma que mesmo com a boa média de lançamentos “está cada vez mais difícil” o mercado.

Sobre motivação, o multi-instrumentista disse que já ganhou “algum reconhecimento”, pouco pela árdua tarefa. “Investir tempo e dinheiro nessa área é um suicídio financeiro. O retorno não chega a 10% do investimento”, porém “é sempre um prazer ver as ideias formarem um disco”.

Esse início de entrevista levanta algumas questões que Negri responde sem deixar dúvidas. E a primeira é justamente sobrevivência. “Respiro música 24 horas por dia” esclarece ao afirmar que divide seu tempo entre compor, tocar e dar aulas na Escola de Música Cultura Pop, na sua cidade. “Tenho orgulho em conseguir viver de música no Brasil e não deixar faltar nada para a minha família.  É um tremendo desafio".

"Mercado virtual é a única saída"
Voltando ao disco, quem comprar as cinco faixas ganha uma de bônus e de quebra recebe capa e contracapa, assinadas pelo artista plástico Atila Fabbio. Ou seja, o fã pode ter o EP físico em mãos. 

Negri comenta que essa ideia é uma questão de economia, afinal, “pouca gente compra CD. O mundo musical está mudando, o artista independente precisa se virar para poder sobreviver. Ultimamente, o mercado virtual virou a única saída”, conclui.

O motivo de a segunda parte ganhar edição somente no ano que vem é porque o público atual “não tem paciência para ouvir um disco completo. Se não conseguem fazer isso com bandas consagradas, imagine com um artista que não está na vitrine. Acredito que eu tenha ótimas músicas nesse trabalho e quero que as pessoas ouçam”, diz esperançoso.

Dúvidas esclarecidas, e sobre toda essa influência de outros gêneros nas composições, como o jazz de Absolutely? “Eu adoro jazz e sempre tento colocar alguma coisa do estilo nos meus trabalhos”, responde. “Quando compus essa faixa eu já imaginava exatamente o que eu queria em termos de sonoridade. É uma das músicas que eu mais gosto no disco”.

Continuando a dissecar sobre a faixa, Negri elogia sua banda de apoio, chamando-os de “incríveis”. Assim, vamos destacá-los. Acompanharam-no na gravação Ric Palma (baixo, guitarra, teclado e produtor ao lado de Negri), Cyro Zuzi (bateria) e Rodrigo Andreiuk (piano), este somente em Absolutely. E em The apple and the beast Negri fez tudo sozinho.


Uma praga chamada preguiça


Bom, temos a banda que gravou o álbum, então quando começa a turnê? “Não pretendo fazer shows”, esclarece. “É outra coisa que ficou inviável. Tenho 41 anos e muito tempo de estrada. Não posso aceitar as condições impostas pelo mercado e nem contratar os músicos que quero para fazer uma ou duas apresentações. Seria injusto com eles. Música é prazer, mas precisa ser rentável. É uma profissão como outra qualquer e precisa ser valorizada”.

Depois dessa declaração, a curiosidade em relação à cena do interior paulista e mais precisamente de Campinas, com um milhão de habitantes, nos acomete. E não anima. “Os bares e casas de shows tem agendas focadas em bandas cover ou tributo”, explica. “O espaço fica reduzido para quem está investindo em sua própria música. Tem muita gente compondo e gravando por aqui, mas a maioria fica limitada ao mundo virtual, com apresentações esporádicas aqui e ali. Não dá pra ter uma ‘cena’ forte nessas condições”.

Não é o caso de uma caça às bruxas, no entanto é preciso fazer algo para o rock sobreviver ou sabe-se lá o que pode acontecer. Para Negri, “as pessoas querem ouvir apenas as músicas ‘clássicas’ das bandas ‘clássicas’. Pouca gente está interessada em novidade, mesmo que seja de grupos consagrados”. Bom lembrar que, atualmente é muito mais fácil, graças à Internet. Totalmente diferente dos famigerados anos 1980, por exemplo.

"Bares estão focados nos covers"

“Eu não entendo de onde veio essa preguiça”, continua a debater o tema sugerindo que há muita “coisa boa por aí” e a "ser descoberta. Hoje, eu não vejo muita saída para o artista independente. Nós dependemos do público e a maioria vira as costas. Eles não conseguem entender que um músico que mora na cidade dele – e que não está na vitrine – pode fazer um trabalho tão bom quanto o de bandas consagradas. E não adianta insistir. Você vai acabar sendo ofendido por gente ignorante que sequer deu um play em alguma das suas canções” finaliza. 

Bem, vamos ajudar os preguiçosos, enfim. O que Negri ouve? “Ouço muito coisa. Das bandas internacionais eu destaco o trabalho do Purson e do Blues Pills. Do time nacional o King Bird e o Kamala. Sou um colecionador de discos. Vivo garimpando novidades todos os dias. Ouço tudo o que passa pela minha linha do tempo com muita atenção”.

Dicas dadas, e a antiga banda, o Rei Lagarto? Não tem previsão de retorno aos palcos, salvo em ocasiões especiais, como na comemoração dos 25 anos ocorrida em agosto passado. “Sou muito amigo dos caras e sempre que der a gente vai se reunir para pelo menos um show. Como aconteceu em 2.016 e foi sensacional”, declara.

Já que o Rei Lagarto não vai despertar, Negri deixou um recado aos fãs: “Não ignore um artista desconhecido, jamais. Se você gosta de música, aperte o play para pelo menos dar uma oportunidade desse artista ser ouvido. A forma como se consome música mudou. O mercado musical mudou. Você precisa mudar”.

E a cerveja...


Depois de todos esses problemas elencados, que tal abrirmos uma cerveja e continuarmos apenas com ela e o rock and roll. “Adoro cerveja”, entrega o entrevistado. “Minha predileção vai para a Weiss”, que, coincidentemente, é a mesma opinião do SP&BC.

E se alguém quisesse fabricar uma breja com o rótulo Fabiano Negri, ou mesmo do Rei Lagarto, o que o músico sugeriria? “Com certeza seria uma Weiss com alto teor alcoólico”. Vale ressaltar que as chamadas Weissbier possuem pelo menos 50% de maltes de trigo e as mais alcoólicas desse estilo são as Weizenbock.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Fabiano Negri mostra que é possível


ENGLISH PALE ALE


O mais novo trabalho solo de Fabiano Negri, ex-vocalista da saudosa banda de Campinas (SP) Rei Lagarto, When nothing is rigth, anything is possible (Independente, Nac.) vai bem com uma English Pale Ale. A forte presença de malte, que confere uma certa classe ao estilo, e ser uma cerveja inglesa, nos remete a algumas influências deste EP, como The Who e Beatles.

O disco contém cinco temas que podem ser ouvidos em streaming. Ao comprar as músicas, o fã ganha a sexta de bônus, no caso a bela balada The Apple and the BeastCada uma das seis faixas mostra toda a bagagem do músico adquirida ao longo dos anos, inclusive na composição do jazz (!) Absolutely

E mesmo os flertes com o pop, como nas melodias, e o citado jazz, o som ao longo de aproximadamente meia hora de audição ainda é aquele hard rock competente praticado desde os tempos de sua antiga banda.

Modern Old Times é a primeira, mais pesada e nos faz refletir sobre esse futuro que chega rápido demais para nossas mentes estáticas no passado. Será o próximo vídeo. O primeiro clipe é justamente o da segunda, Dear Captain, que por sinal contém a frase que dá nome ao trabalho. Não sei se é exatamente por isso, mas que você já vai sair cantarolando o refrão de primeira não tenha dúvida!

A balada pesada The Long Run é a próxima e é um respiro dos bons, diga-se, para a sequencia com My Flesh. Esta, aliás, alterna passagens pesadas e calmas, quase psicodélicas. Fechando o trampo estão as comentadas anteriormente AbsolutelyThe Apple... 

Apesar do lançamento apenas virtual, o disco possui uma capa, sim, senhor (veja ilustração acima). A arte foi feita por Atila Fabbio. Na realidade, When... é a apenas a primeira parte do trabalho e a segunda é prometida para o ano que vem. Se o nível for mantido será outro bom exemplo de que ainda há ótimos suspiros de música autoral de qualidade em nosso país. Thanks, God!

Ficha

Fabiano Negri compôs todas as músicas e letras, coproduziu, cantou e tocou guitarra, teclado e percussão. When nothing is rigth, anything is possible foi gravado no estúdio Minster, do meu amigo de longa data Ric Palma, que também produziu e tocou baixo, guitarra e teclado. A bateria ficou por conta de Cyro Zuzi, enquanto que o piano por Rodrigo Andreiuk.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Clássicos parte 1: Def Leppard - Hysteria comemora 30 anos

HELLES

Toda vez que um álbum completar uma data cheia, 10, 20 e 30 anos, e caso eu o tenha resenhado em algum veículo por onde passei vou reproduzir o texto no SP&BC. Ou caso não exista ainda escrevo especialmente.


O primeiro é o Hysteria, do Def Leppard. O disco completa 30 anos em 3 de agosto e foi um verdadeiro marco na música! Atingiu o primeiro posto na Billboard 200 dos Estados Unidos. O original saiu na edição 29 da revista Valhalla. Pegue uma Helles e divirta-se.

Para quem ainda não possui essa preciosidade, a banda vai relançar a obra em diferente versões especiais, com B-sides e faixas ao vivo, além do áudio do clássico vídeo The Round In Your Face.

DEF LEPPARD
Hysteria
(1987)


O Def Leppard já é figurinha carimbada nesta seção [Classic, da revista Valhalla], portanto, dispensa apresentações. Entre julho de 1984 e meados de 1987 dava para ter lançado pelo menos uns quatro discos. Entretanto, esse foi o período que Hysteria consumiu para ficar pronto. E não foi apenas isso que podemos considerar de números altamente relevantes. O mais impressionante deles é que se o álbum não vendesse, ao menos, cinco milhões de cópias daria prejuízo. Para melhorar – nos dois sentidos – a banda vinha de Pyromania (83, #5) lançado em notas fiscais mais de seis milhões de vezes. Robert “Mutt” Lange (AC/DC), por muito tempo considerado o sexto “lep”, produtor desde High ’N’ Dry (81, #15), estava com muitos trabalhos agendados e assim vários profissionais tentaram fazer o serviço no início do projeto, porém sem êxito. O jeito foi esperar por Mutt, o que no final se mostrou mais uma decisão acertada, dentre tantas outras. Em agosto, finalmente, Hysteria chega ao mercado e com ele o auge dos ingleses. Das 12 faixas, todas dignas de um hard rock altamente melódico e cativante, sete viraram singles de sucesso: “Women”, “Animal”, “Pour Some Sugar On Me”, esta impulsionou a bolacha a estourar, “Love Bites” – aquela em que o Yahoo fez versão em português –, que os levou aos primeiros postos na Inglaterra, fato inédito até então, “Armageddon It”, “Rocket” e a faixa-título. A turnê também foi pomposa, com 227 shows lotados – de agosto de 87 a outubro de 88 – em dezenas de países. Em março de 1999, a RIAA (Recording Industry Association Of America) lhes concede o prêmio “Diamond Award” por ultrapassarem a marca de 10 milhões de discos vendidos – foram 16 no total. Duas outras particularidades marcaram o LP, pois se por um lado foi o primeiro álbum em que Rick Allen (d) gravou após o acidente que lhe custou um dos braços, por outro, foi o último de Steve Clark (g). Joe Elliot (v), Rick Savage (b) e Phill Collen (g) completam o time que assinou esse verdadeiro clássico do rock! (VA)