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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Fenrir's Scar: a boa cicatriz do rock

(Divulgação/FB) Não podemos reclamar da cena e esperar que ela mude sozinha

Banda consegue melhor repercussão com álbum no formato 'streaming' que físico



A banda de Campinas, no interior de São Paulo, Fenrir's Scar surgiu em 2.014 e lançou seu debut autointitulado no fim do ano passado (leia a resenha do CD aqui). Esse pouco tempo aparente não significa que estejamos diante de uma formação que apresente um trabalho pouco inspirado e sem experiência. Absolutamente. Nesse bate-papo com os vocalistas Desireé Rezende e André Baida conhecemos melhor seus planos, atualidades, dificuldades e, claro, suas cervejas.  

Gostaria que apresentasse o Fenrir’s Scar para nós, por favor.
Desireé Rezende: Primeiramente, obrigada pelo convite e pela oportunidade de poder divulgar mais o Fenrir’s Scar. A ideia da banda começou em 2.014 quando mostrei algumas letras que havia feito para o André, que já tinha algumas músicas prontas. Então começamos a trabalhar juntos. Um pouco antes de gravarmos as nossas demos convidamos os membros do grupo, Ildécio [Santos, bateria], Paulo [Victor, guitarra], Gabriel [Rezende, baixo], Graziely [Maria, teclado] e o Vinicius [Prado, guitarra], que deixou a banda ano passado. Nos conhecemos há bastante tempo e tocamos juntos em outras bandas.


Nome da banda é importante, claro. Mas porque a escolha de um tão “difícil”? [N.do R.: Fenrir vem da mitologia nódica e se trata de um lobo-monstro acorrentado pelos deuses, que se libertou e devorou Odin]
André Baida: O nome surgiu inspirado na música Fenrir’s last howl [N. do R.: a última do CD] da minha antiga banda de power metal CounterParts. Quando sai da banda, tinha em mente que levaria o nome Fenrir comigo para algum projeto futuro que tivesse. 



A ideia do dueto vocal vem desde o início? Mesmo não sendo exatamente um Nightwish, embora tenha alguma influência, nunca existiu um medo de as pessoas já julgarem que o som seria naquela linha?

Desireé: Sim, a ideia do dueto vocal vem desde o início. Nightwish é uma das minhas bandas favoritas, com certeza pode ter sido uma influência mesmo que inconsciente (risos). Mas acredito que vocalmente e musicalmente nos assemelhamos mais algo a linha do Lacuna Coil. Era algo que me preocupava sim, as comparações, mas infelizmente acho que [elas existem] em qualquer vertente do metal e, porque não, da música como um todo. 

Como está a recepção a essa estreia, nesses poucos meses de lançamento?
Desireé: Muito boa e isso é muito gratificante para a gente! Tanto do público quanto da crítica. Figuramos entre os 20 álbuns mais votados por escolha popular no site da Roadie Metal e isso me deixou bastante feliz, ver que o público realmente gostou e votou na gente.

André: Tem sido muito bacana! Tanto aqui, quanto fora do Brasil. Muito foda ver que a nossa música está se conectando com muita gente! Gratificante pra dizer o mínimo.

A qualidade da gravação de uma maneira geral impressiona. Desde o início planejavam gravar no Minster, estúdio de Campinas de propriedade de Ricardo Palma, e ter Fabiano Negri (ex-Rei Lagarto, solo) como produtor?

Desireé: Sim, a ideia sempre foi trabalhar com o Fabiano e no Minster. Conhecemos o trabalho do Fabiano há anos, ele foi professor de quase todos os integrantes da banda e sabemos da qualidade que ele tem, como músico, professor e produtor. E desde que ele lançou o Maybe we will have a good time... For the last time que também foi gravado no Minster, tínhamos a ideia de gravar lá.

André: Eu toquei na banda de apoio do Fabiano por quase dois anos e foram os dois anos que eu mais abri a mente como músico. Tinha certeza que queria a produção dele no CD. Com certeza repetiremos a dose no próximo!



From porcelain to ivory é a mais pop do álbum, pelo menos para mim. Tanto que acabou virando o clipe. Havia a ideia de uma faixa assim ou simplesmente saiu?
Desireé: Simplesmente saiu (risos). Não fizemos nenhuma música pensando que poderia ser mais pop. Ao longo das gravações fomos percebendo que algumas eram mais pop que as outras. Mas a ideia dela virar clipe foi só quando o álbum ficou pronto, inclusive a partir do feedback que recebemos do público com relação a essa faixa.
Lançar disco independente requer muito investimento

Aproveitando, como é o processo de composição da banda?
Desireé: O processo de composição é basicamente entre eu e o André. Ou eu escrevo uma letra e mostro para ele, que faz a música, ou ao contrário, ele me mostra alguma música que fez e eu faço a letra para ela.

O disco foi lançado em formato físico e em streaming, tudo de maneira independente. Qual deles obteve melhor resposta?
André: O streaming com certeza tem tido melhor resposta. É muito mais fácil para as pessoas ouvirem música no celular e no computador hoje em dia do que ouvirem em um aparelho de som. Sem contar na burocracia e tempo de comprar e receber o CD pelos correios. Acaba sendo muito mais rápido e prático para as pessoas ouvirem digitalmente. Mesmo assim, temos vendido vários álbuns físicos. Grande parte deles no nosso show de lançamento.

Como é o trampo de lançar um álbum independente, informação útil para quem ainda engatinha no meio?
Desireé: É bem difícil. Nenhum de nós tem a música como profissão principal. E todo investimento para gravar foi fruto das economias minhas e do André. Tivemos bastante trabalho também entre pré-produção e gravação, que levou pouco mais de um ano. Como disse, nós temos outras profissões e conciliar a nossa agenda com a do estúdio e do Fabiano acabou levando um tempo também.


Planejam lançar no exterior?
André: Com certeza, estamos em busca de uma distribuidora na Europa e nos Estados Unidos. Apesar de já termos vendido alguns CDs para o exterior, leva muito tempo para eles chegarem ao público.


Qual faixa anda fazendo mais sucesso entre o público?
Desireé: From porcelain to ivory tem feito bastante sucesso com o público, Beneath the skin, Caliban e Dark eyes também têm tido uma repercussão muito boa com o público.

Como está a agenda de shows? Esse caso do André, que está passando por um problema de saúde agora, acabou afetando a rotina de vocês de que forma? Estão de férias?
Desireé: Sim, por conta desse problema de saúde do André não temos nenhum show marcado até ele se recuperar cem por cento.
André: É bem complicado, mas estou aproveitando esse tempo pra adiantar as composições do nosso próximo disco.

Como anda a cena por aí? Pessoal reclama bastante de Campinas.
Desireé: A cena é muito difícil para quem faz música autoral, ainda mais em um estilo como o nosso, que não é tão popular no metal. Inclusive sofre até algum tipo de preconceito. Mas temos em mente algo para tentar levantar mais a cena quando o André se recuperar e organizar nossos próprios festivais. Não podemos simplesmente reclamar que a cena está ruim e esperar que mude. Temos que fazer nossa parte, tentar mudar. Se não der certo, pelo menos podemos dizer que tentamos.

Vamos abrir uma cerveja?


O blog adota a linha de unir duas paixões dos roqueiros: música e cerveja. Vocês gostam de cerveja artesanal? Qual o estilo preferido (Pilsen, Weiss, Ipa, Stout etc.)?
Desireé: Não costumo beber muito cervejas artesanais, mas no geral gosto mais de Weiss.

Já imaginou um rótulo de cerveja do Fenrir’s Scar? Qual estilo seria?
André: Nunca tinha parado pra pensar nisso, mas seria muito legal (risos). O rótulo acho que seria legal ter o logo da banda, o nosso FS... Um lobo e alguma runa nórdica também seria bacana. O estilo dela, acho que poderia ser Weiss.

Algum recado para os fãs?
Desireé: Muito obrigada mais uma vez por toda força e apoio que nos tem dado! Significa muito pra gente ter vocês “vestindo a camisa” e apoiando a banda.
André: Muito obrigado pelo apoio e por terem tido a curiosidade da dar o play na nossa música! Significa muito pra gente. Nos vemos em breve!!

Obrigado pela entrevista e parabéns pelo álbum!
Desireé: Obrigada você Vagner e ao Som Pesado & Boa Cerveja pelo espaço e força que dão para as bandas independentes como nós!
André: Eu que agradeço, Vagner!! Obrigado por todos os seus anos prestigiando o metal nacional!!

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