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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Uganga promete não seguir fórmulas


Alice Cooper fez uma doação de US$ 10 mil à fundação que patrocinou o CD

Mineiros estão em estúdio desde outubro e contam com apoio alemão



Antes de qualquer coisa, gostaria de destacar como fiquei feliz em entrevistar um ex-integrante do Sarcófago, banda mineira que não só marcou época em meados dos anos 1.980 e a primeira metade da década seguinte, como foi uma das precursoras da música extrema mundial, no death/black metal.

Manu "Joker" Henriques, o músico em questão, tocou bateria no Sarcófago entre 1.989 e 1.991. Hoje, além de liderar o Uganga, é vocalista do grupo de Uberlândia (MG), a 540 quilômetros de Belo Horizonte. Ele e Marco Henriques (bateria) interromperam as gravações de Servus para baterem um papo exclusivo por e-mail com o SP&BC

Na conversa, entre outros assuntos, tudo sobre o andamento desse novo álbum, patrocinado pelo programa de incentivo à cultura Wacken Foundation, uma organização alemã sem fins lucrativos criada em 2.008 para apoiar projetos de hard rock e heavy metal do mundo todo.

O Unganga é o segundo brasileiro a conseguir esse apoio, o primeiro foi o grupo paulista de death metal itSELF, com o patrocínio em equipamentos. Acompanhe, a seguir, a entrevista em um formato um pouco diferente do que costumamos publicar. Lembrando que esta é a última postagem de 2.017. Boas festas com muito rock e cerveja, porém sempre com juízo. Estaremos juntos novamente em 2.018!

Pode contar sobre o programa de incentivo do Wacken Foundation e como vocês conseguiram essa ajuda para a gravação do novo álbum?
Manu “Joker” Henriques: O mérito dessa conquista é do nosso empresário Eliton Tomasi. Ele trouxe essa possibilidade, no caso inscrever um projeto nosso na Wacken Foundation, e é claro nós abraçamos a ideia. Com certeza a ajuda financeira para gravar o álbum novo foi muito bem vinda, mas o que mais nos deixou felizes foi o reconhecimento vindo de uma galera tão séria como o pessoal do Wacken, um mega festival com uma oferta tremenda de artistas a sua volta. Até a Doro [Pesch] faz parte da curadoria, que foda!
Marco Henriques: E foi muito massa ver que eles têm essa preocupação em valorizar artistas independentes de todo o mundo. Se não me engano somos a segunda banda brasileira a conseguir esse projeto. Para nós é uma honra ter a logo do Wacken no CD como um parceiro.

Por sinal esse não é o primeiro incentivo que o Uganga consegue. Como foi o anterior?
Manu: Nós já aprovamos projetos municipais e estaduais. Tanto para gravação de álbum quanto para circulação em tour e sempre aproveitamos essas oportunidades. O que nós fazemos? Simplesmente ficamos de olho nos editais e buscamos fazer tudo correto! Temos 20 anos de estrada bem documentados e acho que isso também ajuda. O caso é o seguinte, não somos ricos nem vivemos de música, trabalhamos sério há duas décadas e fazemos música por amor. Tendo essas possibilidades é só mais uma maneira de sobreviver num caminho cheio de buracos como esse. Nunca dependemos dessas leis pra fazer nosso "corre", nem iremos, mas também não deixamos passar uma chance onde podemos conseguir suporte por mérito. Melhor a gente aprovando esses projetos, que rala no underground há uma cara, do que a porra da Cláudia Leite (risos).

Vocês iniciaram as gravações do novo disco em 26 de outubro de 2.017. A quantas anda esse processo e qual o planejamento?
Manu: Nós estamos trabalhando nesse álbum há dois anos e finalmente começamos as gravações, novamente no [estúdio] Rocklab em Goiânia [GO]. Nessa primeira sessão, que foi dos dias 26 a 30 de outubro, registramos o instrumental de seis músicas. No momento estamos aqui em Araguari (MG) [N. do R.: a 564 quilômetros de BH] finalizando outras sete faixas para em breve voltar à Goiânia. Creio que lá por janeiro estaremos finalizando as vozes e outros detalhes como participações, etc.
Marco: Nessa primeira etapa gravamos bateria, baixo e guitarras desses seis sons. Na próxima ida faremos o mesmo nas outras sete e depois finalizamos com vocais e extras, além da gravação de algumas participações que irão rolar. Ainda temos um bom trabalho pela frente.

Aproveitando o gancho, como é o processo de composição do Uganga? Todas as músicas já estão compostas, por exemplo?
Manu: Já temos 80% fechado. Todos no Uganga estão sempre tendo ideias que eu vou registrando em arquivos de vídeo ou áudio. Temos estilos diferentes, inclusive de trabalhar, e acho que aprendi a organizar isso de alguma maneira (risos). Desde o Vol. 03: Caos carma conceito (2.009) venho fazendo a parte de produção musical junto à banda e os resultados têm sito satisfatórios, por isso seguimos assim. Quando começamos a pensar em um novo álbum esse processo de registrar ideias vai ficando mais intenso e nessa hora começamos a trabalhar realmente nas faixas. Muitas vezes o start se dá comigo e o Christian (Guitarrista), com um violão, uma caneta, uma folha em branco e um “esboço de música” que montamos a partir do nosso arquivo ou de ideias que temos na hora. Posteriormente apresentamos essas ideias para o resto da banda e ai todos vão colocando sua assinatura até que a faixa é realmente finalizada. Mas isso não é uma regra e no álbum novo temos, por exemplo, uma música que nasceu de uma jam do Marco com o Thiago [Soraggi, guitarra], assim como foi Asas Negras no Vol. 03.... Todos têm seu papel nesse processo, temos um baixista [Raphael 'Ras' Franco] que além de compor é um cara com uma visão foda pra arranjos, e agora o [Maurício] 'Murcego' [Pergentino, guitarra], que trouxe um toque mais clássico pros solos e vários riffs pro novo álbum. Estamos com um time forte e prestes a lançar nosso trabalho mais importante até aqui, pode apostar.
Sobre o incentivo: Melhor nós que a Cláudia Leite

E qual será o estilo desse quinto álbum? Vai seguir a mesma tendência dos anteriores ou teremos outros  direcionamentos?
Manu: Será estilo Uganga. Nós nunca nos prendemos a uma fórmula e sempre deixamos fluir as ideias sem nenhum tipo de amarra. Por outro lado acho que aprendemos com o tempo a criar nossa assinatura musical, nossa identidade. De uma maneira geral somos uma banda de crossover, misturamos metal e hardcore/punk mas fazemos isso a nossa maneira e com outros ingredientes que vez ou outra aparecem no nosso som. Pode ser uma parte rapeada, um riff rock’n’roll ou algo mais acústico e calmo, não importa. Essas coisas seguirão sendo trabalhadas no Uganga e acredito que o Servus terá tanto elementos tradicionais do nosso som como algumas novidades. Acho que uma banda é muito mais interessante quando não se acomoda ou impõe algum tipo de limitação, e procuramos ser esse tipo de banda.

Quais as atuais influências do grupo?
Marco: Todos escutam muitas coisas diferentes. Uma vez o Ras fez uma definição que achei bem nossa cara, “de black Music à black metal”. Eu particularmente escuto muito hardcore/punk (Pennywise, Rancid, NOFX), Rap também (Jurassic 5, Beastie Boys, Sabotage), bandas mais novas como Mastodon, Gojira, Dillinger Escape Plan, Skindred... Enfim, muita coisa. E na hora do compor focamos no que é a base da banda, a mistura de thrash com punk/HC, mas sempre rola uma influência desses estilos diferentes. 
Manu: Como disse, temos gostos musicais bastante variados mas algumas bandas como Black Sabbath, Motorhead, Beatles, Exodus e Faith No More tem uma importância muito grande no nosso DNA. Essas são influências não atuais, mas eternas, assim como várias outras bandas que poderia citar aqui por horas. É claro que sempre estamos ouvindo algo novo ou antigo que nos influencia em determinado momento da nossa vida e nessa fase do Servus com certeza não é diferente. Particularmente tenho ouvido bastante pós-punk anos 1.980 e black metal.

As letras continuam em português ou o título mostra que a língua adotada daqui por diante será o inglês?
Manu: Continuo escrevendo em português, acho que no caso do Uganga esse sempre será o caminho, mas para esse álbum estamos estudando a possibilidade de alguma coisa em inglês ou espanhol também. Já faz tempo que temos essa vontade e acho que agora vai rolar, porém algo pontual. Via de regra o Uganga canta em português e seguirá assim.

Vocês acabaram de lançar um DVD. Como foi a recepção a ele? E como foram recebidos os CDs anteriores pelos fãs?
Marco: O DVD saiu na versão online e agora está saindo na versão física também. A recepção foi excelente. Tanto o show quanto o documentário foi muito elogiado, por ter ficado algo dinâmico, divertido. Mérito do Manu e do nosso parceiro Eddie Shumway (Lava Divers) que ficaram à frente desse material. E em relação aos álbuns também sempre foi muito legal. A medida que o tempo passou nossa base de fãs/parceiros só cresceu, a variedade de pessoas que vem trocar ideia e falar do banda também só aumenta. Desde o cara que não é fã de metal, ao cara que só ouve som extremo e ambos curtem a banda. E isso é muito foda.

O nome mais conhecido da banda talvez seja o do Manu. As pessoas que ainda não conhecem ao ouvirem pela primeira vez esperam algo na linha do Sarcófago? Se acontece, chega a atrapalhar, ou somente traz benefícios?
Marco: Não tem como não haver essa relação. O Sarcófago é um nome que marcou história no metal mundial, influenciou várias bandas, e ainda hoje tem um público muito forte. Então nada mais normal que sempre haver a relação entre as duas bandas. Mas não acho que chegam a esperar algo parecido no som do Uganga.
Manu: Acho que hoje em dia o pessoal já sabe que são bandas com estilos diferentes mas com raízes em comum. O Uganga tem duas décadas de trajetória e uma história que fala por si, e o Sarcófago é uma das maiores bandas de metal extremo de todos os tempos, sou feliz por ter meu nome ligado a essas duas bandas e acho normal uma despertar curiosidade sobre a outra em determinadas pessoas. O Sarcófago já tem seu legado, o Uganga vem trabalhando no dele.

Continuam as três guitarras a lá Iron Maiden, Thin Lizzy, etc? Sei que foi explicado no DVD, mas pode explicar esse caso para os leitores do SP&BC?
Manu: Náo só! Bad Religion, Black Oak Arkansas e Foo Fighters só pra citar outras que tem três guitarristas (risos). Mas sim, seguimos como sexteto. Em 2014 o Christian [Franco] teve que passar por um tratamento pesado e ficou um ano sem condições de pegar estrada, tocar muito, etc. Nessa época o Murcego deu uma força na guitarra solo ficando perto de um ano com o Uganga na estrada. Quando o Christian ficou totalmente recuperado e voltou resolvemos experimentar com três guitarras, já que o Murcego estava bem entrosado e trazendo elementos interessantes para o nosso som. Fizemos vários shows com excelente retorno, inclusive abrindo para Exodus e Coroner e resolvemos nos tornar um sexteto. Foi uma casualidade que acabou nos trazendo até aqui e as pessoas poderão conferir essa nova fase em breve no Servus. Além de ser um excelente músico, o Murcego é nosso amigo das antigas e um cara muito fácil de lidar. Enquanto todos estiverem felizes, seguiremos assim.
Tocar na Europa para fãs usando nossa camisa é demais

No Spotify e no Deezer constam apenas o Opressor (2.014), um álbum excepcional, diga-se de passagem. Algum motivo especial por não conter os anteriores, principalmente o Vol. 3..., que também é ótimo?
Marco: Sim, muita correria e falta de tempo pra colocar os álbuns anteriores (risos). Já estávamos com o plano de colocar toda a discografia em nossa página, mas com a pré-produção, gravação, lançamento do DVD e shows nós acabamos enrolando e ainda não rolou. Mas em breve todos vão poder conferir nossa discografia completa no Spotify.

Por falar em streaming, muitas bandas preferem somente o lançamento virtual em virtude de custos. Em quais formatos virão o novo trabalho?
Manu:  Com certeza sairá também em formato físico, muito provavelmente vinil e CD, assim como o Opressor. Estará obviamente disponível na Internet, mas não abrimos mão de ter o produto com arte gráfica e tudo como deve ser. Antes disso precisamos fechar o álbum e negociá-lo, mas acredito que sairá novamente nos dois formatos.

A parte gráfica sempre foi um diferencial da banda, com belas capas. Já pensaram na arte nova?
Manu: A capa do Servus será feita pelo Wendell NerkEdmi de Recife (PE). Quando fui falar sobre a ideia dele [do disco] com o Marco, ele veio com essa dica e curti bastante o estilo do Wendell. Fizemos um contato e rolou. O cara é gente fina, roqueiro e está fazendo um puta trabalho. Claro que não vou dar nenhum detalhe ainda, mas na hora certa vamos divulgar (risos).
Marco: Eu fiquei por conta da capa de três álbuns da banda, Na Trilha do Homem de Bem (2.006), Vol. 3: Caos carma conceito (2.009) e Eurocaos – Ao Vivo (2.013), e fiz também o encarte do Opressor [N. do R.: completa a discografia Atitude lotus, de 2.003] Mas assim como no último trabalho, escolhemos ter algum ilustrador foda para fazer a capa. Tem muita gente boa por aí, e o Wendell é um cara que eu já acompanho tem um tempo, curto demais o que ele faz, uma mistura de arte punk/skate, mas com muitas cores, detalhes... E ele captou bem a ideia que o Manu passou sobre o conceito do nome. Acho que tem tudo para ser a capa mais foda da banda.

Sarcófago criou um novo estilo de metal. Chegam até vocês as bandas que o Uganga influencia? Como é isso?
Manu: Cara, já conversei com um número razoável de bandas que se dizem influenciadas pelo nosso som, mesmo que algumas com o tempo procurem negar isso (risos). Claro que nem se compara com a extensão da influência do Sarcófago na cena, pois trata-se de outra banda e outros tempos, mas já rolou esse reconhecimento sim e acho legal.

O que podem falar sobre shows no exterior? Como foi a turnê europeia de 2.013? Ocorreu alguma turnê anterior?
Marco: Sim, fizemos nossa primeira tour na Europa em 2.010, fazendo cerca de 20 shows em 27 dias. E em 2.013 fizemos a segunda, ao lado dos irmãos da banda Terrordome (Polônia) que estavam com a gente em todos os shows e foi extremamente importante para o sucesso do "rolê". Em ambas a receptividade foi foda, mesmo em países em que as pessoas não faziam a menor ideia do que estávamos falando (risos). E voltar em 2.013 e ver pessoas nos shows vestindo a camiseta da banda que compraram na turnê de 2.010 foi demais.
Manu:  A gente vem humildemente construindo uma história por lá, diferente da que temos aqui, mas também muito importante. Com certeza voltaremos na hora certa.

Conseguem viver somente de música?
Manu: Esse é um sonho que ainda não conseguimos realizar. Todos temos nossos trabalhos para sobreviver, mas conseguimos conciliar com o Uganga sem maiores problemas. Não estamos para brincadeira, levamos a banda muito a sério, mas temos que pagar as contas e só com nossa música isso ainda não é possível. Por sorte temos trabalhos paralelos onde fazemos outras coisas que gostamos, e no final o importante é estar bem. Além de vocalista de uma banda, sou arquiteto e homem do campo (risos).
Marco: Isso pra mim já foi um sonho. Mas atualmente a música para mim é mais um prazer, uma válvula de escape. Como o Manu falou, trabalhamos de forma muito séria. A banda tem suas despesas, reuniões, levamos todo o processo muito a sério, mas particularmente meu objetivo é continuar viajando, conhecendo pessoas e lugares e tocando minha bateria. No começo da semana volto a minha rotina, que também é muito tranquila. Tenho uma marca de roupas (Incêndio Shop) e um bar em Araguari (Vitrola Ambiente Cultural) onde vejo várias bandas de amigos tocando. Faço o que gosto, e vivo disso. E a música é uma dessas coisas. Não me dá grana, mas me dá outras coisas que são tão importantes quanto. Ou até mais importantes.

Manu fala bastante da cena mineira. Pode indicar algumas bandas para o pessoal?
Manu:  Cara, por aqui no Triângulo [Mineiro] sempre tem bandas legais rolando, vale a pena prestar atenção no rock feito por esses lados. Da cena local tenho ouvido muito Seu Juvenal, Chafun Di Formio, Tríade e Lava Divers.

Vamos unir duas paixões dos roqueiros: música e cerveja. Eu imagino que a resposta seja sim, afinal, até aparece uma no DVD, enfim, você gosta de cerveja artesanal? Qual seu estilo preferido?
Manu: Eu adoro cerveja, cara! Bebo vários estilos de cerva assim como curto vários estilos de música, mas prefiro as mais fortes e encorpadas.

Já imaginou um rótulo de cerveja do Uganga, como há do Sepultura, do Matanza, etc? Qual estilo seria?
Marco: Já sim, é uma ideia que com certeza ainda vai rolar. Chegamos a fazer contato com alguns parceiros, tivemos algumas propostas, mas ainda não rolou. Mas é bem provável que em breve tenhamos uma cerva da banda. Sobre o estilo, nunca pensei nisso. Talvez uma IPA com algum ingrediente do cerrado? Ou uma Weiss, que sempre são bem-vindas? Não sei. Boa pergunta.


Para finalizar, algum recado para os fãs?
Manu: Sim, se quiserem saber mais sobre o Uganga, datas, merchandise ou entrar em contato com a gente, acessem o site ou a fan page.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Fenrir's Scar e a mitologia nórdica na cena nacional

English Bitter/Pale Ale



Sempre tento harmonizar banda e estilos de cerveja da mesma nacionalidade, mas como ainda não temos uma escola tipicamente brasileira, embora não demore a surgir uma devido ao que já existe no mercado, e meio que sem querer peguei uma English Bitter - ou se preferir, EPA - que é escura e mais amarga. E bingo, casou perfeitamente. Dessa forma, só curtir então o rock pesado com dois vocalistas, um homem e uma mulher.

Posto isso, sei que você deve estar pensando em algo na linha Nightwish, certo? Errado. Lacuna Coil e Within Temptation? Pode ser. Segundo o release são algumas das referências, sim, porém é fato que o Fenrir's Scar, com este autointitulado debut (Independente, Nac.), lançado em outubro, é uma grata revelação do interior paulista em 2.017. A banda conseguiu imprimir seu próprio estilo nas 10 faixas que somam aproximadamente 50 minutos no CD.

Aliás, além do formato físico, outro belo trampo em se tratando de capa e encarte, assinada por Wesley Souza, diga-se de passagem, Fenrir's Scar, o álbum, pode ser facilmente encontrado nas plataformas digitais, streaming, inclusive o clipe de From porcelain to ivory, não por acaso a mais comercial do play.

Tente não se empolgar com a já citada From..., Beneath the skin, com aquele dueto vocal - vez ou outra rola uma voz gutural, mas não é a regra aqui -, Caliban, mais hard, Downfall, e Dark eyes.

Depois de tentar descrever o disco, que acabou furando fila no SP&BC, vale registrar que Fenrir vem da mitologia nódica e se trata de um lobo-monstro que foi acorrentado pelos deuses, se libertou e devorou Odin. É um nome difícil, demora para "pegar", no entanto o que importa é o som, e esse "pega" de primeira.

A banda


A formação do Fenrir's Scar é bem estilo Titãs no início de carreira: os vocalistas Desireé Rezende, autora das letras exceto Fenrir's last howl, a cargo de Emerson Penerari, e André Baida, autor das músicas, sendo que a última citada é uma parceria com Rafael Borges; os guitarristas Paulo Victor e Vinícius Prado, este já deixou o grupo; o baixista Gabriel Rezende; a tecladista Graziely Maria, que por sinal dá um show a parte; e o baterista Ildécio Santos.

A produção ficou a cargo de Fabiano Negri (solo) enquanto que a mixagem e masterização por conta de Ricardo Palma (estúdio Minster, em Campinas-SP). Ambos participaram de algumas músicas. Pode até não ser uma revolução, mas tem meu voto para revelação do ano!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Pode tudo?

Double IPA



Em um projeto que merece ser comemorado com uma breja apreciada por quem realmente entende de cerveja, SP&BC, A Boina e o PodCastle lançam hoje o PODTUDO. Trata-se de um podcast em que três amigos, eu, Vagner R. Aguiar, André Bonomini e Daniel Castellani, abordam todos os assuntos sem censura. Sem pauta. Ou melhor, até tem, mas nem sempre é utilizada.

A ideia surgiu do programa Ainda é domingo, da Rádio Página 2, local em que ele é gravado, inclusive, como uma extensão do semanal que vai ao ar pela web todos os domingos, obviamente, às 18 horas, no mesmo endereço que abrigava o SOM PESADO. Além dos três, igualmente integram a equipe do programa Mary e Ricardo Hedler e Fran Castellani.

Para brindar o primeiro episódio, o PODTUDO, hospedado em A Boina, vem com o piloto de brinde por tempo determinado. Quando o número 10 ganhar a luz, o protótipo será excluído.

Ouçam pelos links a seguir, opinem, discordem, concordem, bebam cerveja e celebrem a vida clicando aqui: Piloto (ainda com nome provisório); Episódio 1.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

As 4 décadas do último LP de Roth no Scorpions


Roggenbier (German Rye Beer)


Não será tarefa nada fácil daqui a 40 anos escolhermos um álbum lançado neste ano para celebrar sua importância dentro da história. Claro que atualmente ainda ouvimos grandes composições e, hoje mesmo (05/12/2.017), por exemplo, o SP&BC recebeu o CD da Fenrir's Scar, que agradou de cara, garantindo sua presença por aqui. Aguardem!

No entanto, depois de talvez o Nirvana, qual a grande banda que surgiu? A culpa está descrita em cada entrevista veiculada neste endereço apontada pelas bandas que ainda lançam seus trabalhos autorais e, espero, entrem nesta seção destinada aos clássicos daqui a alguns anos.

Por este quadro do blog já passaram Def Leppard, Aerosmith, Kiss, Rolling Stones, ou seja, nomes que lançaram discos importantes há 10, 20, 30, 40, 50 anos. Agora é a vez dos alemães do Scorpions, que no dia 4 de dezembro de 1.977 editaram Taken by force.

Contudo, o quinteto de hard rock não lançou nada tanto em 1.987 como em 1.997. Portanto, o segundo trabalho que aparece aqui, conforme a regra do SP&BC, é Humanity: Hour 1

E uma banda germânica tão clássica não merece nada menos que uma Roggenbier (German Rye Beer), de uma cor amarela pálida, cremosa e normalmente mais doce e menos frutada do que outras cervejas de trigo. Sem dúvida uma harmonização perfeita!

Taken by force


Ao mesmo tempo que o quinto LP de estúdio do Scorpions marcou a estreia do baterista Herman Rarebel, igualmente decretou a despedida do guitarrista Uli Jon Roth. Um verdadeiro guitar hero, Roth estava desde o segundo disco, Fly to the Rainbow (1.974), em substituição a Michael Schenker, irmão do outro comandante das seis cordas, Rudolf, que ao lado do vocalista Klaus Meine, liderou a banda desde o início. A capa gerou muita polêmica na época em alguns países por conter crianças brincando em um cemitério militar na França tendo as lápides como abrigo. Esta foi substituída por uma foto dos músicos tempos depois. E não foi a primeira vez, afinal a capa de Virgin killer (1.976) sofreu a mesma censura. O álbum em si é sensacional com faixas seminais como Steam rock fever, We'll burn the sky e He's a woman - she's a man. Pena que raramente foram executadas ao vivo após a entrada de Matthias Jabs. Talvez seja a mudança de direcionamento, já que o som foi ficando muito "americanizado", o que culminou em Crazy world (1.990), possivelmente o álbum mais americano de um grupo europeu.

Humanity: Hour 1

Após verdadeiras tragédias musicas, como Eye II Eye (1.999), a recuperação em estúdio se deu em Unbreakable cinco anos depois. Em 2.007, Humanity: Hour 1, mais pesado que o anterior, estabeleceu novamente o Escorpião alemão na cena roqueira internacional com todo o respeito que merece. Desmond Child não só produziu o álbum, ao lado de James Michael, como também desenvolveu a temática central em uma visão futurista da humanidade sem perspectivas lutando contra robôs. O track list é bastante coeso e uniforme, portanto difícil de se destacar uma ou outra faixa. E já se passou uma década...

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Hellish War mantendo a fé no tradicional

(Divulgação)

Novo álbum está planejado para 2.018



Campinas, interior de São Paulo, é uma cidade com um milhão de habitantes. Além de toda a sua importância economicamente falando, podemos destacar essa metrópole igualmente pela forte presença em se tratando de rock. Bandas e grandes shows - Quiet Riot em meados dos anos 1.990 incluído. Ou pelo menos era.

E dentre as formações campineiras é impossível não lembrarmos do grupo de heavy metal tradicional Hellish War, formado no longínquo 1.995. A discografia começa com Defender of metal (2.001), passando por Heroes of tomorrow (2.008), Live in Germany (2.010) e culmina com o último registro Keep it hellish, editado em 2.013.

"Campinas teve uma cena muito forte nos anos 90 e acredito que até 2008 mais ou menos, ainda éramos relevantes", comenta o baixista JR sobre a realidade atual da cidade em entrevista exclusiva ao SP&BC. Para ele o problema é aquele conhecido por todos, os covers. "A não ser que sejam bandas que atraiam as mulheres, daí sempre terá casa cheia (risos). Campinas não tem uma cena nos dias atuais. Não está se renovando, são sempre as mesmas pessoas nos mesmos lugares", define.

No momento, o quinteto - completam o time, ao lado de JR, Vulcano, Daniel Job (ambos nas guitarras), Daniel Person (bateria) e Bil Martins (vocalista) - pode até parecer sumido, entretanto está prestes a relançar o debut com um bônus interessante, que é a regravação da faixa-título por Martins, que fez sua estreia no mais recente CD.

"A filha do Person nasceu na semana passada com muita saúde(N. do R.: entrevista realizada dia 10/11), cita o baixista um outro motivo. "Estamos deixando que ele curta e aproveite este momento tão importante na vida de sua família. Mas o Vulcano fez a tour com Tim Owens recentemente e estamos preparando algumas coisas nos bastidores, então de certa forma não estamos totalmente parados".

Não estão parados também porque já planejam compor e gravar um novo álbum de inéditas no próximo ano. "A tendência é manter o bom e velho metal tradicional", adianta JR para  depois despistar dizendo que "nunca se sabe".

JR: "Cerveja é o néctar dos deuses"
Aliás, sobre essas apresentações ao lado do ex-vocal do Judas Priest, entre outros, Vulcano mesmo contou como foi: "Fiz 16 shows este ano com o Ripper. Foi uma experiência incrível! Sempre apareciam alguns fãs do Hellish War nos shows e eles me pediam que nós tocássemos em suas cidades. Isso me deixa muito contente, porque dá perceber a extensão de onde nosso som chega, já que em alguns locais nós nunca tocamos. Tanto no Brasil como nos países da América Latina. É gratificante perceber a relevância que temos no metal nacional".

Esse giro pelo país passou por Pomerode (SC) pela segunda vez, já que em 2.016 Vulcano também tocou com Ripper na cidade vizinha - só para lembrar, Timbó é a sede do SP&BC. Apesar disso, o HW nunca tocou no estado.

Depois de mais de 20 anos de estrada, JR concorda que a cena de um modo geral mudou muito, afinal eles ainda presenciaram "um pouco do lance de ter uma gravadora olhando pela gente, investindo em divulgação, gravação, etc". No entanto, não acredita que "as pessoas perderam o interesse", mas sim que hoje a oferta é "maior do que a demanda".

Para um grupo tupiniquim que não só excursionou pelo exterior, como gravou um play ao vivo na gringolândia, como enxerga a diferença entre os fãs daqui do Brasil e do exterior? Para JR, os públicos são parecidos, porém "a diferença é a estrutura incorporada a um evento underground", em que qualidade é o que importa. Outro ponto é a mentalidade do europeu que é diferente, pois há apresentações em uma "segunda-feira com casa lotada", por exemplo.

Outra característica do HW é ser uma banda estabilizada. Person e JR não gravaram Defender... mas já estão na line-up há anos, sendo que o primeiro entrou na turnê de divulgação do mesmo álbum. Enquanto que Martins, residente em Santos (SP), entrou em 2.012.

"Sempre nos demos muito bem", explica o baixista dizendo que a receita do sucesso nesse sentido é saber respeitar o espaço do outro. E o fato de um integrante morar em outra cidade não atrapalha. "Apesar da distância, sempre estamos em contato".

Contudo, ainda não é possível viver somente do Hellish War. "O que conseguimos é fazer com que a banda se mantenha por ela mesma, mas individualmente cada um tem sua profissão e fonte de renda".

Vamos provar uma?


Antes de abrirmos aquela breja, JR agradece aos fãs e deixa um pedido a quem ainda não os conhecem: "Espero que nos deem uma chance e ouçam nosso som. Metal Still Burns!".

Bem, mas primeiramente precisamos perguntar se gostam da bebida mais amada pelos roqueiros. "Sim, adoro", exclama JR. "Cerveja é o néctar dos deuses (risos)". Sobre estilos, ele diz que curte "bastante Weiss. Aliás, este estilo é uma unanimidade entre nós do Hellish War".

Dessa maneira, então fica fácil imaginar qual seria o estilo de um futuro rótulo do HW, caso aconteça. "Já imaginamos", entrega. "Com certeza seria uma Weizen Bier!"

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Costeletas provam que há vida inteligente no underground do interior


Lite American Larger



Em um belo sábado ouvindo o programa Lendas do Rock, do casal de amigos, Paulo e Maysa Rossi, ganhei este CD (Independente, Nac.). A surpresa foi tanta que ele abocanhou esta resenha. E cabe aqui um detalhe, caso tenha passado desapercebido. Todos os trabalhos comentados aqui não serão malhados, pois somente o que passa pela linha editorial - bastante criteriosa - é publicado. Ou seja, se for ruim, não entra. Simples assim.

Os Costeletas, formado em março de 2.006, são de Rio do Sul (SC), a 191 quilômetros da capital Florianópolis. Poderosa ação desengripante já é o segundo EP, um lançamento físico, encarte com letras, contendo 10 músicas em 27 minutos de puro rockabilly.

Vou logo dizendo a faixa que mais me chamou a atenção. Trata-se de Roqueiro de pantufa. É um tema que retrata exatamente o fã da atualidade. "Ir pro festival ou assistir o Faustão?  (sic) / Curtir o rock'n'roll ou ver televisão?" ou "Show ao vivo, isso nunca vi / Lá em casa tem pipoca, não consigo resistir" falam por si só.

Há, claro, também, as letras de duplo sentido, como em Assim como você. Segunda feira é outro retrato do cotidiano do trabalhador brasileiro. Ama a sexta-feira e odeia o primeiro dia da semana. Mas não deveríamos ser gratos por termos um trabalho? No restante do track list não há um senão sequer.

O disco foi gravado no Pró Audio Video Studio, em Rio do Sul, produzido por Marquinhos Figueiredo e Costeletas enquanto que a capa foi assinada por Ismael Martinez. A formação conta com Rodrigo Fronza (baixo e vocal), Fernando Avila (bateria), Guilherme Frahm (guitarra e vocal) e Rafael Tschumi (guitarra e vocal).

Se você não se acha um roqueiro de pantufa deveria correr atrás desse play e deixar de "ficar em casa" para ver um "filme em HD" (N. do R.: trecos da letra de Roqueiro...). As bandas de trabalho autoral agradeceriam. Eu não sou um desses, e você?

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Agenda: Titãs e Raimundos em Timbó

(Divulgação: titas.net)

Helles


Outro dia já foi comentado no SP&BC que Timbó é uma cidade privilegiada em se tratando de rock. E com anúncio de que os Titãs se apresentam na cidade dia 22 de dezembro com entrada franca em evento promovido pela prefeitura não há como negar.

O show faz parte do "Natal mais encantado", programa em que o governo municipal celebra o Natal e que, no ano passado, por exemplo, teve Jota Quest. Pela cidade já passaram Angra, CPM 22 e este mês ainda terá Raimundos, dia 24, na Biereck.

A região também é forte na cena, afinal a vizinha Pomerode, a cerca de 20 quilômetros, já sediou os gringos Tim "Ripper" Owens (ex-Judas Priest), Blaze Bayley (ex-Iron Maiden), Michael Vescera (ex-Yngwie Malmsteen) e, já há quase 10 anos, Jeff Scott Soto e o grande Eric Martin, vocalista do Mr. Big, entre outros nomes importantes.

Esses exemplos são de duas cidades com população de cerca de 42 mil e 30 mil pessoas, respectivamente. Por outro lado, em Indaial, um pouco maior, conta com o festival River Rock, sempre com vários nomes importantes. E não citamos Blumenau, o verdadeiro polo da Médio Vale do Itajaí, o que torna essas realizações grandes feitos. 

Os Titãs seguem divulgando Nheengatu ao vivo e contam somente com Branco Mello (vocal e baixo), Sérgio Brito (vocal e teclado) e Tony Belloto (guitarra), da formação original. Beto Lee (guitarra) e Mário Fabre (bateria), completam o time atualmente.

Já os Raimundos, que influenciaram o estilo escolhido para curtir esses shows, lançaram em março o DVD Acústico e contam com Digão (vocal e guitarra), Cainsso (baixo), Marquim (guitarra) e Caio (bateria).

sábado, 11 de novembro de 2017

Os 50 anos de "Their Satanic Majestic Request", dos Stones


Double Ipa


Antes de qualquer coisa, sei que talvez uma Double Ipa saia um pouco da linha para esses discos, mas era uma que estava na minha cara na geladeira e acabou combinando muito bem. Afinal é um estilo clássico, de certa elegância. Então, o que melhor harmonizar para comemorar 5 décadas de um álbum mais que clássico?

Explicação dada, hora do som propriamente dito dos Rolling Sotnes. Their Satanic Majestic Request saiu dia 8 de novembro e devido a uma semana bastante louca, a comemoração precisou esperar. Como de costume, SP&BC sempre aproveita essas datas comemorativas e fala sobre os álbuns que no mesmo ano comemoram 40, 30, 20 e 10 anos, quando for o caso.

Seguindo a cronologia, em 1.977 Jagger, Richards & Cia. não editaram um LP de inéditas, apenas o ao vivo Love you live e a coletânea 30 Greatest hits. E com uma discografia tão vasta, chega a ser curioso que 1.987 e 2.007 não registrem nada de relevante que os Stones tenham colocado no mercado. No entanto, em 1.997 saiu Bridges to Babylon.

Their Satanic Majestic Request


Acredite ou não, há quem odeio esse disco. SP&BCacha sensacional! São dele pérolas como 2000 man, coverizada pelo Kiss, e a, possivelmente, faixa que mais frequentou coletâneas ao lado de outras manjadas, She's a rainbow. Entretanto, o álbum contém outras pérolas. Aliás, não há música ruim aqui. Para não falar da capa, em que os Beatles estão desenhados escondidos no meio das flores (lembra da capa do Sgt. Pepper's..., "Welcome to the Rolling Stones"?), podemos citar que In another land é a primeira composição do, hoje, ex-baixista Bill Wyman, She's a rainbow, que conta com a participação de John Paul Jones, à época futuro Led Zeppelin, enfim. Ouça sem preconceito e decida: ame ou odeie.

Bridges to Babylon

A maior lembrança que tenho desse disco, que comemorou 20 anos em 29 de setembro, portanto, recentemente, é do show no Brasil. Em São Paulo, mais precisamente - a outra data ocorreu no Rio de Janeiro. Havia acompanhado os Rolling Stones no Hollywood Rock, em 1.995, pela televisão e ali vi o tamanho dos caras. Sabe aquele adolescente - vixi, entreguei a idade - radical, que só ouvia metal e dizia: quanto mais pesado melhor? Então, digamos que eu estava nessa vibe, apesar de sempre adorar hard rock. Enfim, ali percebi a importância desses ingleses. Encurtando a conversa, não consegui ir ao show - foi em uma segunda-feira e eu não podia deixar de trabalhar - porém ouvi pelo rádio - acho que a Transamérica transmitiu. Mas esse play é muito mais que uma afirmação de um fã, é um álbum que contém hits como Anybody seen my baby, Out of control e Saint of me, para ficar nas mais conhecidas. Vale uma chance, uma ouvida. Não vai se arrepender!

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Agenda: Timbó promove festival de rock autoral

Bandas concorrem à gravação de clipe

Ipa


A cidade catarinense de Timbó é diferenciada no quesito cultura. Ainda mais em se tratando de rock. Os interessados têm até 20 de novembro para inscreverem três composições próprias no concurso Minha Banda é Sucesso, realizado pela prefeitura através da Fundação Cultural. E, obviamente, a comemoração precisa ser em alto estilo, que tal uma Ipa?

O evento ocorre em quatro fases entre outubro último e fevereiro de 2018. A seleção é dia 30 de novembro, enquanto que as eliminatórias acontecem em 14, 21 e 28 de janeiro, no Museu da Música, em Timbó (Rua Edmund Bell, Bairro Dona Clara). Já a final rola em 24 de fevereiro no Pavilhão de Eventos Henry Paul, às 19h, dentro do 8º Cultura Rock.

Podem participar quaisquer grupos de Santa Catarina sem restrição de estilos, desde que seja rock, claro, com no mínimo três integrantes e estes não podem estar em mais de uma composição da banda inscrita. Serão selecionadas até dezoito grupos divididos em até seis nomes por eliminatória, determinados por sorteio e organizadas por estilo.

A ficha de inscrição está no site da Secretaria de Cultura junto com outras informações e regulamento. O valor da inscrição é R$ 50 reais.

A premiação, além da presença confirmada no 9º Cultura Rock, em 2019, é a seguinte:
- 1º Lugar: R$ 700,00 (menos encargos) + Troféu + Clipe sem roteiro e gravação de uma música da banda na cidade de Timbó;
- 2º Lugar: R$ 600,00 (menos encargos) + Troféu;
- 3º Lugar: R$ 500,00 (menos encargos) + Troféu.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Cerveja e rock, a fórmula da Küd

(Divulgação) BP: "Buscamos sempre promover a cultura cervejeira em todos os níveis"

Cervejaria de Belo Horizonte busca inspirações nos clássicos do rock


Muito normal você ir até o supermercado, na seção de cervejas especiais e escolher um rótulo da sua banda favorita. Algo como fazíamos em lojas de discos - pois é, perdão pelo clichê, mas o mundo mudou. Chegando lá você encontra não somente a breja roqueira como também uma que é referência a um verdadeiro clássico dos seus ídolos. Aquela canção que já se ouviu trocentas e noventa e nove vezes e não enjoou.

Esse é o diferencial da mineira Cervejaria Küd. A fábrica "começou com a paixão pela cerveja e também pelo rock n’roll", afirma Bruno Parreiras, um dos fundadores da empresa, cujo slogan é "cerveja e rock n’roll", em entrevista exclusiva ao SP&BC. "Cada receita começa a ser desenvolvida através da relação que a gente pode fazer com o estilo escolhido e em qual música a gente pode buscar inspiração", continua explicando todo o conceito da marca. "Tem a ver com o estilo da cerveja, com a escola que aquele estilo tem origem, ou até mesmo uma relação de cada ingrediente com a música que a gente gosta". 

Küd surgiu em 2.008 quando Parreiras ao lado de quatro amigos buscaram informações para entender "sobre os diferentes estilos e cervejas que começavam a aparecer nas prateleiras de algumas lojas especializadas", conta ele, lembrando da influência sofrida ao conhecer sabores de brejas em viagens pelo exterior. "Descobrimos que tinha gente fazendo cerveja em casa e corremos atrás do desafio de fazer a nossa própria e nos aventuramos com a produção artesanal e caseira".

O desafio inicial rendeu frutos já no primeiro ano do início oficial das atividades, em 2.010, com a India Pale Ale, a Kashmir (Led Zeppelin), ganhando o primeiro lugar no Concurso de Cervejas Artesanais da Argentina. Por sinal, essa é a mais vendida do portfólio.

No entanto, há sim um rótulo de banda e neste caso é do Eminence, banda de thrash metal de  Belo Horizonte. Aliás, por enquanto, o único nome nacional da empresa. "Ainda falta ter 'fôlego' para conseguir criar mais cervejas" e fazer referência às bandas brasileiras, se defende Parreiras. Além do pesadão, vários são os estilos de rock homenageados, como grunge, hard, stoner e, claro, Beatles e Rolling Stones. Eis que surge a curiosidade, qual das duas? Ambas, ele dispara e justifica que "cada uma delas em suas diferentes fases possuem obras fantásticas".
BP: "Rock está no nosso DNA"



A capacidade total de produção dos tanques é de 17 mil litros e chama a atenção as denominações que eles recebem, como Black Sabbath, Nirvana, Iron Maiden e AC/DC. Atualmente são 17 na cervejaria que guardam um segredo a sete chaves. "Tem novidade chegando por aí, mas não posso adiantar ainda", aguça nossa curiosidade Parreiras.

E não é por fazer claras referências ao gênero musical que tanto amamos que seja algo restrito ao ele. "Acho que a nossa cerveja pode ser a chance de apresentá-lo para outras pessoas que por algum motivo não tenham tido a chance de conhecê-lo. Esperamos que com isso, tanto o rock quanto a cerveja possam prevalecer através do tempo" completa feliz da vida para sentenciar: "Acredito que tem muita gente fora do ambiente roqueiro comprando nossas cervejas".

Com esse boom cervejeiro dos últimos tempos, o público ficou mais exigente e com isso ele quer saber o que está comprando e conhecendo-o melhor. "O consumidor está buscando valorizar o produto local e o contato 'cara a cara' com quem está fazendo-o", explica Parreiras.

A participação em eventos ligados ao setor, como o Festival Brasileiro da Cerveja, normalmente em março, em Blumenau (SC), é importante "para a exposição da marca no meio de um mercado mais especializado e também possibilita a geração de novos negócios em outros estados ou até mesmo conhecendo novos parceiros", explica. 

Recentemente a Küd participou do 5º Festival Internacional de Cervejas Mondial de La Bière, no Rio de Janeiro. "Estamos iniciando uma operação no estado e buscamos participar para potencializar a marca e também aproximar ainda mais com os nossos clientes e parceiros comerciais", comemora o empresário.

Assunto delicado é preço e ele concorda que é "uma barreira. Mas te falo que aos poucos o consumidor está percebendo que vale a pena a experiência degustativa das cervejas artesanais". Isso acaba afetando a concorrência com as grandes indústrias. "O grande obstáculo é a questão da competição com o preço em alguns pontos de vendas, especialmente nos supermercados, a questão da compra da exclusividade, apesar de que os empresários mais atentos já perceberam que o consumidor quer a diversidade e outro fator que também influencia é o poder econômico que estas indústrias têm no mercado".

E em um mercado concorrido igualmente gera oportunidades. "Novas marcas no mercado geram experimentação de produtos diferentes. Uma hora ou outra o consumidor vai querer arriscar e tomar a nossa cerveja também. E a experimentação gera a possibilidade do consumidor se tornar dono da sua própria vontade e saber escolher aquilo que mais o agrada" conclui.

Dessa forma, o que Parreiras diria ao cervejeiro? "Gostaria de deixar uma referencia à mensagem que o rock já deixou na história. Você pode ser um 'transgressor' no seu hábito de consumo. Seja responsável nas suas escolhas e saiba escolher aquilo que te satisfaz. Não acredite naquilo que te mandam fazer sem antes conhecer bem a história da coisa toda", ou seja, perceber o "valor agregado do produto com qualidade e conceito. Vamos seguir produzindo e valorizando a cultura tanto da cerveja quanto do rock".