Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Axes Connection e as reflexões da perda

(Divulgação) Marcos: "A ideia é sempre adicionar novos elementos ao som"

Quarteto se prepara para editar álbum em CD e promete fazer show onde for possível



A primeira banda do Sul do país a figurar no SP&BC vem do Rio Grande do Sul, faz um heavy metal com algumas referências a outros estilos, como passagens progressivas, e seus integrantes são figurinhas carimbadas na cena da música pesada sulista com passagens por Distraught e Apocalypse.

A formação atual do Axes Connection é composta pelos irmãos e líderes Márcio, vocalista, e Marcos Machado, guitarrista que tocou por 15 anos com o Distraught, tendo participado de quatro álbuns e feito turnês pelo Brasil, Argentina e Uruguai, pelo baixista Magoo Wise, ex-Apocalypse e igualmente ex-Distraught, e pelo baterista Cristiano Hulk, ex-Vômitos e Náuseas e Grosseria.

Contudo, o projeto é tão ou mais antigo que os nomes citados no parágrafo anterior. Marcos e seu outro irmão, Vitor, compuseram algumas faixas ainda nos anos 1.990. Porém, para Marcos aceitar o convite do Distraught, ambos precisaram engavetar a ideia. 

Resolveram desengavetar em 2.013, mas, infelizmente, outro empecilho surgiu: o falecimento de Vitor. Marcos não se deu por vencido e continuou na estrada e nesse meio tempo, Márcio resolveu integrar a equipe. "A medida que fui falando sobre o projeto e mostrando-o ao meu outro irmão ele se auto convidou", lembra Marcos Machado em entrevista exclusiva ao SP&BC.

Logicamente que com um cartão de visitas assim abrem-se muitas portas. "Se eu disser que não ajuda estaria mentindo", afirma orgulhoso Marcos a respeito das passagens anteriores. "Existe um interesse natural dos fãs de metal em escutar algo novo vindo de ex-integrantes de bandas já bem conhecidas".

Essas idas e vindas culminaram no trabalho de estreia A glimpse of illumination, disponível primeiramente nas plataformas streaming desde março deste ano. O trabalho foi bem recebido pela mídia especializada, inclusive internacional, como uma resenha positiva da revistas World Of Metal, de Portugal. "A repercussão do nosso trabalho tem sido uma grata surpresa", diz aliviado Machado. 

"Em nenhum momento fizemos as músicas pensando em agradar a alguém senão a nós mesmos", afirma incluindo outro ingrediente para explicar o bom momento da banda, a "parceria com o Eliton e a Susi, da Som Do Darma (N. do R.: Assessoria de Imprensa) tem nos auxiliado a chegar um pouco mais longe, ampliando mais o número de blogs/sites e revistas especializadas".


Entrou sem saber do se tratava


O álbum vai ganhar uma versão física em breve com novidades apenas na parte gráfica. Falando nisso, a capa, assinada por Aldo Marcondes, com duas pessoas caminhando pela estrada com uma luz entre eles, uma clara referência aos três irmãos, surgiu da inspiração das artes que a Hipgnosis, um grupo britânico de design gráfico, fez para grupos das décadas de 1.970/1.980 como Scorpions, Pink Floyd, UFO, Bad Company etc. "Queríamos fugir realmente do padrão de capas que as bandas fazem atualmente", explica o guitarrista. "A capa e o conteúdo do álbum todo têm a participação do Vitor. Foi o motivo principal para que tudo ocorresse. O Vitor acreditava demais na música que fazíamos juntos e o álbum segue essa linha".

Então o Axes Connection seria um projeto dos dois irmãos? Ele acredita que não. "Eu diria que no início pensava que seria apenas um projeto" como uma "homenagem ao meu falecido irmão Vitor". E se a maneira como Márcio entrou foi inusitada, esta foi ainda maior com Magoo. O entrevistado lembra que Magoo convidou a si próprio depois que viu uma foto dos dois irmãos no Facebook "sem sequer ter escutado uma música antes".

Axe em inglês significa "machado"
Hulk não gravou a bateria, trabalho registrado por Lourenço Gil. "Foi o cara que me fez desistir de deixar uma bateria eletrônica nas músicas", se recorda Machado, porque queria uma "bateria muito próxima de como o Vitor executava". O músico finaliza o assunto agradecendo "ao Lourenço pelo resultado e pelo empenho. Infelizmente ele tinha planos de uma faculdade e passou na Federal de Pelotas e está se dedicando aos estudos".

Voltando ao disco, a temática adotada em algumas faixas é da perda, como por exemplo em Prepare Your Soul, escrita "a partir de uma reflexão sobre a morte do meu irmão", explica Machado. "Escrevo sobre a passagem do tempo, o Juízo Final e, também, sobre estar preparado e com a consciência tranquila caso a morte chegue de repente – o que é algo bem difícil de se fazer, por sinal".

Machado se apressa a comentar outros assuntos abordados como a "atitude combativa e positiva em relação à vida" de Wisdom is the key. "Enquanto seres humanos, estamos sempre nos aprimorando como pessoas, seja nos pensamentos, nas palavras ou nas ações". Como ele gostou do assunto, também cita Rearrange yourself, "sobre estar se reconstruindo constantemente". A ressalva final: "Quero deixar bem claro que não estou querendo bancar o santo, pelo contrário. O que escrevo serve para mim, em primeiro lugar. Certamente haverá quem se identifique com as letras, afinal somos todos humanos e falhos".

Outro ponto que chama a atenção são aquelas canções compostas há mais de uma década. "O que a maioria não sabe é que elas não estavam prontas", se defende. "Eram músicas instrumentais e que careciam de arranjo, solo e letras com melodias que só foram criadas depois". E, claro outras "foram concebidas durante o processo".

Há uma faixa escondida no final da última do track list, um cover para She sells Sanctuary, do The Cult. "Fizemos essa junto com versões ao vivo de algumas" músicas de A glimpse... "com a intenção de lançar esses vídeos logo após editar a versão física do trabalho em CD", comenta Machado empolgado. "Ficou tão legal que resolvemos incluir a faixa de forma escondida como uma surpresa ao ouvinte nessa versão promo. Pretendemos separá-la para a versão física", conclui afirmando que a escolha do tema tenta "fugir do lugar comum".


Papo está bom, mas e a cerveja?


"Adoro cerveja artesanal", responde Machado ao ser questionado se gosta de falar sobre o outro foco do blog. "No verão a Pilsen é imbatível", continua, "mas aqui no inverno gaúcho eu aprecio muito uma cerveja escura e mais encorpada. Vario entre Dunkel e Stout".

Já que é assim, qual seria um bom estilo para representar a banda? "Boa pergunta", diz aos risos para completar que preferiria "uma cerveja escura e mais encorpada, mas certamente", desde que os outros integrantes opinassem a respeito.

Para finalizar, um recado: "Primeiramente gostaria de agradecer demais pelo espaço cedido para divulgação de nosso trabalho e pedir ao público para que continuem apoiando a cena e ao Som Pesado & Boa Cerveja (N. da R.: Obrigado!). E finalizo pedindo humildemente um pouco de sua atenção para que conheçam o nosso álbum A glimpse of illumination através das principais plataformas digitais e no nosso Facebook".

Nenhum comentário:

Postar um comentário