FN: "Viver de música no Brasil é um tremendo desafio" (Divulgação) |
Fabiano Negri segue na contramão do que é fácil ao apostar no novo
Responda rapidamente: Quantos nomes da música underground conseguem ficar na
ativa por mais de 20 anos produzindo temas autorais? Difícil, correto? Pois aqui vamos conhecer um que não se intimida com nossos os trágicos momentos atuais, o workaholic FabianoNegri.
When nothing is rigth, anything is
possible é o 21º
trabalho do artista de Campinas (SP), impondo a impressionante marca de um título, em média, por ano. Esta é a primeira
parte do trabalho e pode ser ouvida em streaming
nas plataformas Spotify, Deezer e Youtube. A segunda sai em 2.018.
“Eu gosto de me manter trabalhando com composição”,
explica Negri no início do nosso bate-papo sobre o número de discos editados durante toda a
carreira. “Faço porque realmente amo”, continua. Ele afirma que mesmo com a boa média de lançamentos “está cada vez mais difícil” o mercado.
Sobre motivação, o multi-instrumentista disse
que já ganhou “algum reconhecimento”, pouco pela árdua tarefa. “Investir tempo e
dinheiro nessa área é um suicídio financeiro. O retorno não chega a 10% do investimento”,
porém “é sempre um prazer ver as ideias formarem um disco”.
Esse início
de entrevista levanta algumas questões que Negri responde sem deixar dúvidas. E
a primeira é justamente sobrevivência. “Respiro música 24 horas por dia” esclarece ao afirmar que divide seu
tempo entre compor, tocar e dar aulas na Escola de Música Cultura Pop, na sua
cidade. “Tenho orgulho em conseguir viver de música no Brasil e não deixar
faltar nada para a minha família. É um tremendo desafio".
"Mercado virtual é a única saída" |
Negri comenta que essa ideia é uma questão de economia, afinal, “pouca gente compra CD. O mundo musical está mudando, o artista independente precisa se virar para poder sobreviver. Ultimamente, o mercado virtual virou a única saída”, conclui.
O motivo de a segunda parte ganhar edição somente no ano que vem é porque o público atual “não tem paciência para ouvir um disco completo. Se não conseguem fazer isso com bandas consagradas, imagine com um artista que não está na vitrine. Acredito que eu tenha ótimas músicas nesse trabalho e quero que as pessoas ouçam”, diz esperançoso.
Dúvidas esclarecidas, e sobre
toda essa influência de outros gêneros nas composições, como o jazz de Absolutely? “Eu adoro jazz e sempre tento colocar alguma coisa do estilo nos meus
trabalhos”, responde. “Quando compus essa faixa eu já imaginava exatamente o
que eu queria em termos de sonoridade. É uma das músicas que eu mais gosto
no disco”.
Continuando a dissecar sobre a faixa,
Negri elogia sua banda de apoio, chamando-os de “incríveis”. Assim, vamos destacá-los.
Acompanharam-no na gravação Ric Palma (baixo, guitarra, teclado e produtor ao lado de Negri), Cyro Zuzi (bateria) e Rodrigo Andreiuk (piano), este somente em Absolutely. E em The apple and the beast Negri fez tudo sozinho.
Uma praga chamada preguiça
Bom, temos a banda que gravou o álbum, então quando começa a turnê? “Não pretendo fazer shows”, esclarece. “É outra coisa
que ficou inviável. Tenho 41 anos e muito tempo de estrada. Não posso aceitar
as condições impostas pelo mercado e nem contratar os músicos que quero para
fazer uma ou duas apresentações. Seria injusto com eles. Música é prazer,
mas precisa ser rentável. É uma profissão como outra qualquer e precisa ser
valorizada”.
Depois
dessa declaração, a curiosidade em relação à cena do interior paulista e mais
precisamente de Campinas, com um milhão de habitantes, nos acomete. E não anima.
“Os bares e casas de shows tem agendas focadas em bandas cover ou tributo”,
explica. “O espaço fica reduzido para quem está investindo em sua própria
música. Tem muita gente compondo e gravando por aqui, mas a maioria fica
limitada ao mundo virtual, com apresentações esporádicas aqui e ali. Não
dá pra ter uma ‘cena’ forte nessas condições”.
Não é o caso de uma caça às bruxas, no entanto é preciso
fazer algo para o rock sobreviver ou sabe-se lá o que pode acontecer. Para Negri,
“as pessoas querem ouvir apenas as músicas ‘clássicas’
das bandas ‘clássicas’. Pouca gente está interessada em novidade, mesmo que
seja de grupos consagrados”. Bom lembrar que, atualmente é muito mais fácil, graças à Internet. Totalmente diferente
dos famigerados anos 1980, por exemplo.
"Bares estão focados nos covers" |
“Eu não entendo de onde veio essa preguiça”, continua a debater o
tema sugerindo que há muita “coisa boa por aí” e a "ser descoberta. Hoje,
eu não vejo muita saída para o artista independente. Nós dependemos do público
e a maioria vira as costas. Eles não conseguem entender que um músico que mora
na cidade dele – e que não está na vitrine – pode fazer um trabalho tão bom
quanto o de bandas consagradas. E não adianta insistir. Você vai acabar sendo
ofendido por gente ignorante que sequer deu um play em alguma das suas canções” finaliza.
Bem, vamos ajudar os preguiçosos, enfim. O que Negri ouve? “Ouço muito coisa. Das bandas internacionais eu
destaco o trabalho do Purson e do Blues Pills. Do time nacional o King
Bird e o Kamala. Sou um colecionador de discos. Vivo garimpando novidades
todos os dias. Ouço tudo o que passa pela minha linha do tempo com muita
atenção”.
Dicas dadas, e a antiga banda, o Rei Lagarto? Não tem previsão de retorno aos palcos, salvo em ocasiões
especiais, como na comemoração dos 25 anos ocorrida em agosto passado. “Sou muito amigo dos caras e sempre que der a gente vai se
reunir para pelo menos um show. Como aconteceu em 2.016 e foi sensacional”,
declara.
Já que o Rei
Lagarto não vai despertar, Negri deixou um recado aos fãs: “Não ignore um artista desconhecido, jamais. Se você
gosta de música, aperte o play para
pelo menos dar uma oportunidade desse artista ser ouvido. A forma como se
consome música mudou. O mercado musical mudou. Você precisa mudar”.
E a cerveja...
Depois de todos esses problemas elencados,
que tal abrirmos uma cerveja e continuarmos apenas com ela e o rock and roll. “Adoro
cerveja”, entrega o entrevistado. “Minha predileção vai para a Weiss”, que,
coincidentemente, é a mesma opinião do SP&BC.
E se alguém quisesse fabricar
uma breja com o rótulo Fabiano Negri, ou mesmo do Rei Lagarto, o que o músico sugeriria? “Com certeza seria uma Weiss com alto teor alcoólico”.
Vale ressaltar que as chamadas Weissbier possuem pelo menos 50% de maltes de trigo
e as mais alcoólicas desse estilo são as Weizenbock.
GRANDE FABIANO NEGRI . 1 dos maiores / melhores Artistas , Musicians & ROCKERS do Mundo . Congrats VAGNER AGUIAR pelo bom gosto - em TUDO , bro ! BTW , Master Negri 100% certo ? LED ZEPPELIN = pura WEISS BEER ! =)
ResponderExcluirObrigado, amigo! Você tem toda razão, ele é um músico excepcional.
ExcluirConvido você a curtir a Fan Page do Blog para ficar sempre por dentro das nossas atualizações: https://www.facebook.com/Sompesadoeboacerveja
Abraço!