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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Mesmo quando não está como desejamos, qualquer situação é possível

FN: "Viver de música no Brasil é um tremendo desafio" (Divulgação)

Fabiano Negri segue na contramão do que é fácil ao apostar no novo



Responda rapidamente: Quantos nomes da música underground conseguem ficar na ativa por mais de 20 anos produzindo temas autorais? Difícil, correto? Pois aqui vamos conhecer um que não se intimida com nossos os trágicos momentos atuais, o workaholic FabianoNegri.

When nothing is rigth, anything is possible é o 21º trabalho do artista de Campinas (SP), impondo a impressionante marca de um título, em média, por ano. Esta é a primeira parte do trabalho e pode ser ouvida em streaming nas plataformas Spotify, Deezer e Youtube. A segunda sai em 2.018.

Eu gosto de me manter trabalhando com composição”, explica Negri no início do nosso bate-papo sobre o número de discos editados durante toda a carreira. “Faço porque realmente amo”, continua. Ele afirma que mesmo com a boa média de lançamentos “está cada vez mais difícil” o mercado.

Sobre motivação, o multi-instrumentista disse que já ganhou “algum reconhecimento”, pouco pela árdua tarefa. “Investir tempo e dinheiro nessa área é um suicídio financeiro. O retorno não chega a 10% do investimento”, porém “é sempre um prazer ver as ideias formarem um disco”.

Esse início de entrevista levanta algumas questões que Negri responde sem deixar dúvidas. E a primeira é justamente sobrevivência. “Respiro música 24 horas por dia” esclarece ao afirmar que divide seu tempo entre compor, tocar e dar aulas na Escola de Música Cultura Pop, na sua cidade. “Tenho orgulho em conseguir viver de música no Brasil e não deixar faltar nada para a minha família.  É um tremendo desafio".

"Mercado virtual é a única saída"
Voltando ao disco, quem comprar as cinco faixas ganha uma de bônus e de quebra recebe capa e contracapa, assinadas pelo artista plástico Atila Fabbio. Ou seja, o fã pode ter o EP físico em mãos. 

Negri comenta que essa ideia é uma questão de economia, afinal, “pouca gente compra CD. O mundo musical está mudando, o artista independente precisa se virar para poder sobreviver. Ultimamente, o mercado virtual virou a única saída”, conclui.

O motivo de a segunda parte ganhar edição somente no ano que vem é porque o público atual “não tem paciência para ouvir um disco completo. Se não conseguem fazer isso com bandas consagradas, imagine com um artista que não está na vitrine. Acredito que eu tenha ótimas músicas nesse trabalho e quero que as pessoas ouçam”, diz esperançoso.

Dúvidas esclarecidas, e sobre toda essa influência de outros gêneros nas composições, como o jazz de Absolutely? “Eu adoro jazz e sempre tento colocar alguma coisa do estilo nos meus trabalhos”, responde. “Quando compus essa faixa eu já imaginava exatamente o que eu queria em termos de sonoridade. É uma das músicas que eu mais gosto no disco”.

Continuando a dissecar sobre a faixa, Negri elogia sua banda de apoio, chamando-os de “incríveis”. Assim, vamos destacá-los. Acompanharam-no na gravação Ric Palma (baixo, guitarra, teclado e produtor ao lado de Negri), Cyro Zuzi (bateria) e Rodrigo Andreiuk (piano), este somente em Absolutely. E em The apple and the beast Negri fez tudo sozinho.


Uma praga chamada preguiça


Bom, temos a banda que gravou o álbum, então quando começa a turnê? “Não pretendo fazer shows”, esclarece. “É outra coisa que ficou inviável. Tenho 41 anos e muito tempo de estrada. Não posso aceitar as condições impostas pelo mercado e nem contratar os músicos que quero para fazer uma ou duas apresentações. Seria injusto com eles. Música é prazer, mas precisa ser rentável. É uma profissão como outra qualquer e precisa ser valorizada”.

Depois dessa declaração, a curiosidade em relação à cena do interior paulista e mais precisamente de Campinas, com um milhão de habitantes, nos acomete. E não anima. “Os bares e casas de shows tem agendas focadas em bandas cover ou tributo”, explica. “O espaço fica reduzido para quem está investindo em sua própria música. Tem muita gente compondo e gravando por aqui, mas a maioria fica limitada ao mundo virtual, com apresentações esporádicas aqui e ali. Não dá pra ter uma ‘cena’ forte nessas condições”.

Não é o caso de uma caça às bruxas, no entanto é preciso fazer algo para o rock sobreviver ou sabe-se lá o que pode acontecer. Para Negri, “as pessoas querem ouvir apenas as músicas ‘clássicas’ das bandas ‘clássicas’. Pouca gente está interessada em novidade, mesmo que seja de grupos consagrados”. Bom lembrar que, atualmente é muito mais fácil, graças à Internet. Totalmente diferente dos famigerados anos 1980, por exemplo.

"Bares estão focados nos covers"

“Eu não entendo de onde veio essa preguiça”, continua a debater o tema sugerindo que há muita “coisa boa por aí” e a "ser descoberta. Hoje, eu não vejo muita saída para o artista independente. Nós dependemos do público e a maioria vira as costas. Eles não conseguem entender que um músico que mora na cidade dele – e que não está na vitrine – pode fazer um trabalho tão bom quanto o de bandas consagradas. E não adianta insistir. Você vai acabar sendo ofendido por gente ignorante que sequer deu um play em alguma das suas canções” finaliza. 

Bem, vamos ajudar os preguiçosos, enfim. O que Negri ouve? “Ouço muito coisa. Das bandas internacionais eu destaco o trabalho do Purson e do Blues Pills. Do time nacional o King Bird e o Kamala. Sou um colecionador de discos. Vivo garimpando novidades todos os dias. Ouço tudo o que passa pela minha linha do tempo com muita atenção”.

Dicas dadas, e a antiga banda, o Rei Lagarto? Não tem previsão de retorno aos palcos, salvo em ocasiões especiais, como na comemoração dos 25 anos ocorrida em agosto passado. “Sou muito amigo dos caras e sempre que der a gente vai se reunir para pelo menos um show. Como aconteceu em 2.016 e foi sensacional”, declara.

Já que o Rei Lagarto não vai despertar, Negri deixou um recado aos fãs: “Não ignore um artista desconhecido, jamais. Se você gosta de música, aperte o play para pelo menos dar uma oportunidade desse artista ser ouvido. A forma como se consome música mudou. O mercado musical mudou. Você precisa mudar”.

E a cerveja...


Depois de todos esses problemas elencados, que tal abrirmos uma cerveja e continuarmos apenas com ela e o rock and roll. “Adoro cerveja”, entrega o entrevistado. “Minha predileção vai para a Weiss”, que, coincidentemente, é a mesma opinião do SP&BC.

E se alguém quisesse fabricar uma breja com o rótulo Fabiano Negri, ou mesmo do Rei Lagarto, o que o músico sugeriria? “Com certeza seria uma Weiss com alto teor alcoólico”. Vale ressaltar que as chamadas Weissbier possuem pelo menos 50% de maltes de trigo e as mais alcoólicas desse estilo são as Weizenbock.

2 comentários:

  1. GRANDE FABIANO NEGRI . 1 dos maiores / melhores Artistas , Musicians & ROCKERS do Mundo . Congrats VAGNER AGUIAR pelo bom gosto - em TUDO , bro ! BTW , Master Negri 100% certo ? LED ZEPPELIN = pura WEISS BEER ! =)

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    Respostas
    1. Obrigado, amigo! Você tem toda razão, ele é um músico excepcional.
      Convido você a curtir a Fan Page do Blog para ficar sempre por dentro das nossas atualizações: https://www.facebook.com/Sompesadoeboacerveja
      Abraço!

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