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(Divulgação/FB) Não podemos reclamar da cena e esperar que ela mude sozinha |
Banda consegue melhor repercussão com álbum no formato 'streaming' que físico
A banda de Campinas, no interior de São Paulo, Fenrir's Scar surgiu em 2.014 e lançou seu debut autointitulado no fim do ano passado (leia a resenha do CD aqui). Esse pouco tempo aparente não significa que estejamos diante de uma formação que apresente um trabalho pouco inspirado e sem experiência. Absolutamente. Nesse bate-papo com os vocalistas Desireé Rezende e André Baida conhecemos melhor seus planos, atualidades, dificuldades e, claro, suas cervejas.
Gostaria que apresentasse o Fenrir’s Scar para nós, por favor.
Desireé Rezende: Primeiramente, obrigada pelo convite e pela oportunidade de
poder divulgar mais o Fenrir’s Scar. A ideia da banda começou em 2.014 quando mostrei algumas letras que havia feito
para o André, que já tinha algumas músicas prontas. Então começamos a
trabalhar juntos. Um pouco antes de gravarmos as nossas demos convidamos os
membros do grupo, Ildécio [Santos, bateria], Paulo [Victor, guitarra], Gabriel [Rezende, baixo], Graziely [Maria, teclado] e o Vinicius [Prado, guitarra], que deixou a
banda ano passado. Nos conhecemos há bastante tempo e tocamos
juntos em outras bandas.
Nome da banda é importante, claro. Mas porque a escolha de um tão
“difícil”? [N.do R.: Fenrir vem da mitologia nódica e se trata de um lobo-monstro acorrentado pelos deuses, que se libertou e devorou Odin]
André Baida: O nome surgiu inspirado na música Fenrir’s last howl [N. do R.: a última do CD] da minha
antiga banda de power metal CounterParts. Quando sai da banda, tinha em mente
que levaria o nome Fenrir comigo para algum projeto futuro que tivesse.
A ideia do dueto vocal vem desde o início? Mesmo não sendo exatamente
um Nightwish, embora tenha alguma influência, nunca existiu um medo
de as pessoas já julgarem que o som seria naquela linha?
Desireé: Sim, a ideia do dueto vocal vem desde o início. Nightwish é uma
das minhas bandas favoritas, com certeza pode ter sido uma influência mesmo que
inconsciente (risos). Mas acredito que vocalmente e musicalmente nos
assemelhamos mais algo a linha do Lacuna Coil. Era algo que me preocupava sim, as comparações, mas infelizmente acho que [elas existem] em
qualquer vertente do metal e, porque não, da música como um todo.
Como está a recepção a essa estreia, nesses poucos meses de lançamento?
Desireé: Muito boa e isso é muito gratificante para a gente! Tanto do público quanto da crítica. Figuramos entre os 20 álbuns mais votados
por escolha popular no site da Roadie Metal e isso me deixou bastante feliz, ver
que o público realmente gostou e votou na gente.
André: Tem sido muito
bacana! Tanto aqui, quanto fora do Brasil. Muito foda ver que a nossa música
está se conectando com muita gente! Gratificante pra dizer o mínimo.
A qualidade da gravação de uma
maneira geral impressiona. Desde o início planejavam gravar no Minster, estúdio de Campinas de propriedade de Ricardo Palma, e ter
Fabiano Negri (ex-Rei Lagarto, solo) como produtor?
Desireé: Sim, a ideia sempre foi trabalhar com o Fabiano
e no Minster. Conhecemos o trabalho do Fabiano há anos, ele foi professor de
quase todos os integrantes da banda e sabemos da qualidade que ele tem, como
músico, professor e produtor. E desde que ele lançou o Maybe we will have a good time... For the last time que também foi gravado no Minster, tínhamos
a ideia de gravar lá.
André: Eu toquei na
banda de apoio do Fabiano por quase dois anos e foram os dois anos que eu mais
abri a mente como músico. Tinha certeza que queria a produção dele no CD. Com
certeza repetiremos a dose no próximo!
From porcelain to ivory é a mais pop
do álbum, pelo menos para mim. Tanto que acabou virando o clipe. Havia a ideia
de uma faixa assim ou simplesmente saiu?
Desireé: Simplesmente saiu (risos). Não fizemos nenhuma
música pensando que poderia ser mais pop. Ao longo das gravações fomos
percebendo que algumas eram mais pop que as outras. Mas a ideia dela virar
clipe foi só quando o álbum ficou pronto, inclusive a partir do feedback que
recebemos do público com relação a essa faixa.
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Lançar disco independente requer muito investimento |
Aproveitando, como é o processo de
composição da banda?
Desireé: O processo de
composição é basicamente entre eu e o André. Ou eu escrevo
uma letra e mostro para ele, que faz a música, ou ao contrário, ele me mostra
alguma música que fez e eu faço a letra para ela.
O disco
foi lançado em formato físico e em streaming, tudo de maneira independente. Qual deles obteve melhor resposta?
André: O streaming com certeza tem tido melhor resposta. É muito mais
fácil para as pessoas ouvirem música no celular e no computador hoje em dia do
que ouvirem em um aparelho de som. Sem contar na burocracia e tempo de comprar
e receber o CD pelos correios. Acaba sendo muito mais rápido e prático para as
pessoas ouvirem digitalmente. Mesmo assim, temos vendido vários álbuns físicos. Grande parte deles no nosso show de lançamento.
Como é o trampo de
lançar um álbum independente, informação útil para quem ainda engatinha no
meio?
Desireé: É bem difícil. Nenhum de nós tem a música como profissão
principal. E todo investimento para gravar foi fruto das economias minhas e do
André. Tivemos bastante trabalho também entre pré-produção e gravação, que levou pouco mais de um ano. Como disse, nós temos
outras profissões e conciliar a nossa agenda com a do estúdio e do Fabiano
acabou levando um tempo também.
Planejam
lançar no exterior?
André: Com certeza, estamos em busca de uma distribuidora na Europa e nos Estados Unidos. Apesar de já termos vendido alguns CDs para o exterior, leva
muito tempo para eles chegarem ao público.
Qual faixa anda fazendo
mais sucesso entre o público?
Desireé: From porcelain to ivory tem feito bastante sucesso com o
público, Beneath the skin, Caliban e Dark eyes também têm tido uma repercussão
muito boa com o público.
Como está a agenda de
shows? Esse caso do André, que está passando por um problema de saúde agora,
acabou afetando a rotina de vocês de que forma? Estão de férias?
Desireé: Sim, por conta desse problema de saúde do André não temos
nenhum show marcado até ele se recuperar cem por cento.
André: É bem complicado, mas estou aproveitando esse
tempo pra adiantar as composições do nosso próximo disco.
Como anda a cena por aí? Pessoal reclama bastante de Campinas.
Desireé: A cena é muito difícil para quem faz música autoral, ainda mais
em um estilo como o nosso, que não é tão popular no metal. Inclusive sofre até
algum tipo de preconceito. Mas temos em mente algo para tentar levantar mais a
cena quando o André se recuperar e organizar nossos próprios festivais. Não
podemos simplesmente reclamar que a cena está ruim e esperar que mude. Temos
que fazer nossa parte, tentar mudar. Se não der certo, pelo menos podemos dizer
que tentamos.
Vamos abrir uma cerveja?
O blog adota a linha de unir duas paixões dos roqueiros: música e cerveja. Vocês gostam de cerveja
artesanal? Qual o estilo preferido (Pilsen, Weiss, Ipa, Stout etc.)?
Desireé: Não costumo beber muito cervejas artesanais, mas no geral
gosto mais de Weiss.
Já imaginou um rótulo de cerveja do Fenrir’s Scar? Qual estilo seria?
André: Nunca tinha parado pra pensar nisso, mas seria muito legal
(risos). O rótulo acho que seria legal ter o logo da banda, o nosso FS... Um
lobo e alguma runa nórdica também seria bacana. O estilo dela, acho que poderia
ser Weiss.
Algum recado para os fãs?
Desireé: Muito obrigada mais uma vez por toda força e apoio que nos tem dado! Significa muito pra gente ter vocês “vestindo a camisa” e apoiando a banda.
André: Muito obrigado pelo apoio e por terem tido a curiosidade da dar o play na nossa música! Significa muito pra gente. Nos vemos em breve!!
Obrigado pela entrevista e parabéns pelo álbum!
Desireé: Obrigada você Vagner e ao Som Pesado & Boa Cerveja pelo
espaço e força que dão para as bandas independentes como nós!
André: Eu que agradeço, Vagner!!
Obrigado por todos os seus anos prestigiando o metal nacional!!